A Old Mutual, a maior seguradora em activos do continente africano, está a fazer grandes movimentos no sector financeiro sul-africano, com planos ambiciosos de lançar um novo banco digital no primeiro trimestre de 2025. Este lançamento ocorre num momento em que a competição no sector bancário da África do Sul está mais acirrada, com 85% dos sul-africanos já possuindo contas em instituições financeiras. A Old Mutual investiu até agora R$ 2,5 bilhões (aproximadamente US$ 142,5 milhões) no projeto e alocou mais R$ 800 milhões (cerca de US$ 45,6 milhões) para garantir que o banco seja lançado conforme o previsto.
O novo banco, que será “digital-first” e focado no mercado de massa, oferecerá serviços bancários principalmente através de aplicativos, mas com suporte adicional nas agências físicas da Old Mutual em todo o País. Com um público-alvo que inclui professores, enfermeiros e polîcias, o banco visa se destacar ao proporcionar uma estratégia de distribuição multicanal robusta. Clarence Nethengwe foi nomeado CEO do novo banco, com início de funções em 1 de novembro de 2024.
Embora a Old Mutual já operasse no sector bancário através da sua “Money Account”, que conta com entre 400.000 e 500.000 clientes, a seguradora agora pretende migrar estes titulares de contas para o novo banco, encerrando gradualmente a oferta da Money Account. Este passo marca a entrada da empresa no espaço bancário mais competitivo do País, onde novas fintechs e bancos digitais, como o Discovery Bank e iniciativas de empresas de telecomunicações como o MTN Group, têm desafiado os credores tradicionais.
Sistema de Dois Potes: Uma Solução Pragmática
Paralelamente ao lançamento do novo banco, a **Old Mutual** está a implementar o inovador “sistema de dois potes” para o fundo de reforma, que entrou em vigor em 1 de Setembro de 2024. Este sistema permite aos membros dos fundos de reforma dividir suas contribuições em duas partes: um terço vai para uma poupança de curto prazo, enquanto os outros dois terços são reservados para o fundo de reforma, acessível apenas na reforma.
Desde que o sistema foi aberto para transações, a Old Mutual já recebeu 125.000 solicitações de saque, que totalizam R$ 1,7 bilhão (aproximadamente US$ 97 milhões). Iain Williamson, CEO do grupo, revelou que os pedidos são alinhados às expectativas e defendeu o sistema como uma solução pragmática que beneficiará o sistema de reformas a longo prazo. A seguradora optou por uma abordagem gradual, permitindo inicialmente a verificação de dados e saldos antes de abrir as retiradas. Williamson afirmou que, embora a saída de capital seja significativa no curto prazo, o sistema promoverá maior sustentabilidade no futuro, ajudando a preservar os recursos para a a reforma.
Desempenho financeiro e novos motores de crescimento
No primeiro semestre de 2024, a Old Mutual registrou um crescimento de 7% no lucro ajustado por acção, com as vendas de seguros de vida a subirem 6% e os prémios brutos emitidos a aumentarem 9%, atingindo R$ 13,8 bilhões (cerca de US$ 785 milhões). Os fundos sob gestão cresceram 5%, totalizando R$ 1,4 trilhão. No entanto, os resultados operacionais do grupo caíram 3% em comparação ao mesmo período de 2023, impactados pelos investimentos em novos motores de crescimento, como o Old Mutual Bank.
Mesmo com a crescente competição no sector bancário, Williamson reiterou que a Old Mutual está confiante na sua estratégia multicanal e na capacidade de preservação do valor da empresa. O novo banco digital surge como uma peça central na estratégia de crescimento da seguradora, e a empresa está determinada a competir de forma eficaz num ambiente onde fintechs e bancos digitais têm ganhado força. Para Williamson, o banco é uma “nova arma no arsenal” da empresa, projectado para alavancar a forte presença da Old Mutual no mercado de seguros e expandir suas operações no setor bancário.
Fonte: O Económico