Revista Tempo

Emergência da varíola M requer fundos urgentes para apoiar refugiados na África

Uma criança com mpox na unidade de isolamento da doença no Hospital Kavumu, apoiado pela Unicef, na província de Kivu do Sul, República Democrática do Congo, em 23 de julho de 2024

Um novo apelo de emergência pretende incentivar a prevenção da varíola M, ou mpox, em países afetados pela emergência na África. O pedido feito pela Agência da ONU para Refugiados, Acnur, pretende apoiar 9,9 milhões de pessoas forçadas a se deslocar e suas comunidades anfitriãs em 35 países.

De acordo com o anúncio feito esta quarta-feira, em Genebra, a entidade das Nações Unidas precisa de US$ 21,4 milhões para aumentar os esforços de resposta até o final do ano.

Casos na República Democrática do Congo

O Acnur registrou pelo menos 88 casos da varíola M entre refugiados na África, sendo que 68 deles eram cidadãos da República Democrática do Congo, RD Congo. O país registra o maior número de casos em nível global, seguido por cidadãos da República do Congo e do Ruanda.

Novo surto da varíola M coloca as populações mais vulneráveis em alto risco
© OMS/Katson Maliro
Novo surto da varíola M coloca as populações mais vulneráveis em alto risco

A doença endêmica em várias partes do continente africano há décadas é marcada por uma alta de casos da nova variante conhecida como clade 1b. Esta situação, que afeta particularmente o território congolês, levou a Organização Mundial da Saúde, OMS, a declarar uma emergência de saúde pública de interesse internacional.

A África registrou mais de 20 mil casos suspeitos da doença em 2024. A região abriga um terço das pessoas forçadas a se deslocar e concentra mais países tentando travar a transmissão em situações consideradas “muito vulneráveis”.

Longos conflitos e falta de fundos humanitários

Entre os fatores agravantes estão os conflitos prolongados, a falta crônica de financiamento humanitário e vários desastres.

Para o chefe de Saúde Pública do Acnur, o novo surto da varíola M coloca as populações mais vulneráveis ​​em alto risco, incluindo vários refugiados e comunidades forçadas a se deslocar vivendo em condições difíceis.

Allen Maina mencionou “abrigos superlotados, sem acesso a água potável, sabão e alimentos nutritivos e comunidades com desafios no acesso a cuidados de saúde, essas condições os colocam em maior risco de adoecer e dificultam a proteção.”

© Unicef/Jospin Benekire
Acnur promoveu capacitação de agentes locais de saúde e reforçou a comunicação comunitária

O Acnur revela que a atual emergência está ameaçando sobrecarregar ainda mais os recursos humanitários já saturados e pode interromper os serviços e o auxílio essencial, incluindo a distribuição de alimentos, educação e atividades de proteção.

Sistemas de saúde, água e saneamento

Maina defende que é preciso apoiar governos e parceiros na resposta ao surto para garantir que ninguém seja deixado para trás”. O financiamento sustentável deverá ainda fortalecer os sistemas de saúde, as instalações de água, o saneamento e outros serviços, garantindo que sejam resilientes.”

Equipes do Acnur respondem ao surto desde a primeira eclosão, em 2022, atuando em parceria com autoridades nacionais e locais, agências da ONU e outros parceiros.

Este ano foi aumentado o número de pontos de lavagem das mãos em campos de refugiados e centros de trânsito. A parceria ampliou ainda a ação em campos como distribuição de produtos de higiene, testes de diagnóstico, vigilância de doenças, mecanismos de triagem e notificação.

© Unicaf/Jospin Benekire
África registrou mais de 20 mil casos suspeitos da varíola M em 2024

O Acnur promoveu a capacitação de agentes comunitários de saúde e reforçou a comunicação comunitária para garantir que estejam disponíveis informações para combater a desinformação e reduzir o estigma associado à doença.

Pessoas em maior risco de contrair a doença

Com o novo apelo à comunidade internacional, a agência busca aprimorar os esforços de preparação e resposta, além de reduzir a exposição das populações mais vulneráveis à doença.

Mesmo tendo feito a aplicação de recursos, a agência destaca que a “escala e a complexidade da situação exigem financiamento adicional para atender às necessidades urgentes”.

Esses fundos também são essenciais para garantir que refugiados e outras pessoas deslocadas à força sejam totalmente integrados aos planos de preparação e resposta liderados pelo governo.

O Acnur revela que as ações estão alinhadas com o Plano de Preparação e Resposta Continental da Varíola M para a África coordenados pelos Centros Africanos de Controle e Prevenção de Doenças, África CDC, e pela OMS.

Fonte: ONU

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