Revista Tempo

Mazivila: “Selecção deu o melhor. Precisamos de estar comprometidos com o desporto”

O presidente da Federação Moçambicana de Basquetebol, Paulo Mazivila, diz que as atletas da selecção sénior feminina deram o seu melhor no torneio de pré-qualificação para o Mundial 2026, mas a chegada tardia ao México e a fadiga condicionaram o grupo. Mazivila diz, ainda, que é preciso não parar e começar a trabalhar arduamente para as frentes que as selecções nacionais terão em Novembro próximo.Três jogos, igual número de derrotas. Este foi o saldo da selecção nacional de basquetebol sénior feminino no torneio de pré-qualificação para o Mundial da FIBA da Alemanha 2026. No México, diga-se, as “guerreiras” até mostraram disponibilidade e intensidade na estreia, chegando mesmo a controlar a marcha do marcador diante da equipa local, mas depois veio ao de cima o desgaste físico. Um jogo, de resto, em que podiam ter vencido e deixar marcas, mas a fadiga de um grupo que saiu, praticamente, do aeroporto para o pavilhão não disfarçou, no final, o desfecho.Mesmo diante de Montenegro, a selecção nacional deu cartas, mas ficou evidente que todo o processo que norteou a viagem, marcada por indecisões e idas e regressos do aeroporto, acabou por afectar o grupo de trabalho. O que terá, de facto, falhado e que avaliação se pode fazer desta campanha toda são as questões colocadas ao presidente da Federação Moçambicana de Basquetebol, Paulo Salvador Mazivila.“Eu faço uma avaliação positiva porque, na verdade, estamos perante os melhores do mundo. É positiva, primeiro, porque ficou mais do que claro que, no primeiro jogo com o México, e no segundo diante de Montenegro, existiam todos os elementos para vencermos. Falo de todos os elementos e mais alguma coisa. Podíamos ter vencido os dois jogos, incluindo o contra a Nova Zelândia, mas tivemos aquele senão de não nos podermos adaptar a questões de altitude. O primeiro jogo com o México foi fatal”, frisou o dirigente.A chegada tardia ao México, assumiu Mazivila, pesou para o desempenho da quinta classificada no “Afrobasket” 2023, em Kigali, Ruanda.Chegamos no mesmo dia e saímos do Aeroporto para virmos jogar. Então, não há dúvidas de que isso foi um grande prejuízo para a selecção, mesmo no que diz respeito ao estado de espírito. Elas tentaram recuperar o jogo, mas a fadiga tomou conta delas. Mas, para mim, eu faço uma avaliação positiva, porque elas estiveram bem. Vamos manter este nível e competirmos sempre nesta dimensão.”Esta não é, diga-se, a primeira vez que a selecção nacional de basquetebol sénior feminino é prejudicada pelos processos de preparação e viagem para fora do país. Aconteceu em Kigali, no Ruanda, em 2023. Houve episódio do género aquando do seu ciclo preparatório para o Campeonato Africano de 2021, em Yaoundé, nos Camarões. Isto a juntar-se a tantas outras novelas envolvendo fundos. O que deve ser feito, afinal, para que casos do género não voltem a acontecer, a bem do basquetebol feminino moçambicano com histórico de conquistas em África e presença inédita, em 2014, no Mundial de Ankara, na Turquia?“Na verdade, é simples. Nós precisamos de ter pessoas envolvidas e comprometidas com o desporto. Precisamos de ter dirigentes que, na verdade, gostam e fazem desporto do coração. Precisamos de ter uma máquina de gestão de desporto no país. Precisamos de ter pessoas que sabem o que estão a fazer. Precisamos de ter uma máquina de desporto que não faz arranjos. Uma máquina de gestão de desporto que, quando as selecções querem sair ou mesmo querem preparar-se, criem condições. Para eles, é um encargo muito grande e não se pode olhar a coisa desta maneira. As pessoas têm que vestir a camisola de Moçambique e dizer, sim, nós precisamos melhorar ao nível do desporto e de todas as modalidades.”A abordagem do presidente da Federação Moçambicana de Basquetebol não se cinge à modalidade da bola ao cesto: “Não falo apenas sobre o basquetebol. Nós precisamos de melhorar ao nível do desporto, falo de todas as modalidades. Temos de arregaçar as mangas e trabalhar com aquilo que conseguimos. Temos de trabalhar com aquilo que é possível. Vamos ver o que vai acontecer nos próximos tempos, com as mudanças que teremos. Se melhorar, o país vai avançar.”Em Novembro, a selecção nacional de basquetebol sénior feminino deve disputar, em Angola, a fase de qualificação para o “Afrobasket” 2025, na Costa do Marfim. Os masculinos, esses, têm compromissos também na corrida ao “Afrobasket”, estando inseridos no grupo “A” juntamente com o Sudão do Sul, Mali e República Democrática do Congo.“Para a frente de Angola, nós não vamos parar. Vamos fazer a ponte. Vai ser um descanso de um mês para depois começarmos a trabalhar o mais breve possível. A selecção já está coesa. A selecção já se encontrou. Não podemos ficar muito tempo sem trabalhar. É preciso fazer a ponte a trabalhar arduamente para as frentes que teremos em Angola.”Adiante, o número “1” na FMB abordou o acesso ao “Afrobasket” masculino. “Falando da selecção masculina, não tenho dados de que será de facto fora. Porque, há bem pouco tempo, houve dados da FIBA-África para realizarmos esta prova em Moçambique. E nós dissemos que, naquelas condições que realizámos em Maputo, em Fevereiro, é muito complicado. Os encargos todos ficam com Moçambique e fica muito difícil. Na verdade, vamos preferir sair. Ou mudam as condições.”

Fonte:O País

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