Revista Tempo

Moçambique alcança novo acordo com a China para exportação de macadâmia, feijão bóer e castanha de caju

É um passo importante para a expansão das suas exportações moçambicanas a assinatura de um novo acordo comercial com a China, que permitirá ao País exportar macadâmia, feijão bóer e castanha de caju para o mercado chinês. O acordo foi formalizado terça-feira 03/04, em Beijing, durante a visita oficial que o Chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, efectua à China.

O acordo foi rubricado pela embaixadora de Moçambique na China, Maria Gustava, e pelo representante chinês da diplomacia deste país em Moçambique. O entendimento surge no âmbito do estreitamento das relações comerciais entre os dois países e representa uma oportunidade importante para os exportadores moçambicanos, que passarão a ter acesso ao vasto mercado chinês para estes produtos agrícolas.

Segundo Maria Gustava, o acordo “não é apenas exploração”, pois existem certos requisitos que devem ser cumpridos. A diplomata destacou que Moçambique terá de seguir rigorosamente os requisitos fitossanitários exigidos pelo mercado chinês para poder exportar os três produtos que o acordo reconhece: feijão bóer, macadâmia e castanha de caju.

Este é mais um avanço no contexto do acordo que Moçambique já mantém com a China para a exportação de 400 produtos com isenção de taxas. “Hoje são mais três produtos que estamos a adicionar de forma bilateral, o que vai permitir que tenhamos acesso a este mercado tão importante”, acrescentou Maria Gustava.

Impacto económico e oportunidades para os exportadores

Este acordo representa uma importante oportunidade para os exportadores moçambicanos, que agora têm um novo mercado para escoar os seus produtos, impulsionando o crescimento das exportações agrícolas e gerando novas oportunidades económicas. A macadâmia, o feijão bóer e a castanha de caju são produtos com grande potencial de crescimento, e o acesso ao mercado chinês poderá trazer um impulso significativo à produção agrícola e ao rendimento dos pequenos e médios produtores do país.

O cumprimento dos requisitos fitossanitários é, no entanto, um aspecto critico para a eficácia deste acordo. Moçambique terá de assegurar que os seus produtos cumpram os padrões de qualidade exigidos pela China, o que poderá exigir investimentos em infra-estruturas e formação para garantir que os exportadores moçambicanos estejam preparados para estas novas exigências.

A partir deste acordo, Moçambique poderá ver um aumento substancial nas suas exportações de produtos agrícolas, o que poderá ter impactos positivos em vários sectores da economia. O desafio agora será garantir que os produtores e exportadores locais estejam capacitados para atender às exigências do mercado chinês, especialmente no que diz respeito aos padrões de qualidade e fitossanitários.

Este acordo também reforça a parceria estratégica entre Moçambique e a China, dois países que têm vindo a estreitar laços comerciais nos últimos anos. Com a China a emergir como um dos principais mercados para as exportações moçambicanas, espera-se que novos acordos e parcerias venham a ser desenvolvidos no futuro, beneficiando tanto os produtores locais como a economia do país como um todo.

Actualmente, Moçambique destaca-se como um dos principais produtores de castanha de caju em África, ocupando o quarto lugar, após a Nigéria, Costa do Marfim e Guiné-Bissau. Em 2020, Moçambique produziu cerca de 160 mil toneladas de castanha de caju, com uma significativa capacidade ainda inexplorada, oferecendo grande potencial para expansão da produção. O país exporta grande parte da sua castanha para mercados emergentes na Ásia, com o Vietname e a Índia a liderarem como os maiores compradores mundiais de caju.

Em relação ao feijão bóer, Moçambique exportou mais de 200 mil toneladas entre Janeiro e Novembro de 2023, sendo 90% desse volume destinado à Índia, um mercado chave para este produto. Além da Índia, o feijão bóer é exportado para outros países como os Emirados Árabes Unidos, Indonésia, Honduras e Tanzânia.

A macadâmia é uma cultura emergente no país, com um crescente interesse de investidores nacionais e internacionais. Embora a produção comercial em larga escala ainda esteja em desenvolvimento, a macadâmia tem potencial para se tornar um importante produto de exportação, devido à crescente procura global e ao seu elevado valor nutricional

Actualmente, a produção de macadâmia em Moçambique está em crescimento acelerado, com a previsão de se tornar uma das principais culturas de exportação do país. Em 2023, a empresa “Macs In Moz”, localizada em Manica, exportou 800 toneladas de macadâmia, principalmente para o mercado asiático e europeu, com a China sendo o principal destino. A produção é feita entre março e junho, e a expectativa é de expansão contínua para atender à crescente demanda internacional.

Na província do Niassa, a produção de macadâmia já rende ganhos significativos. Em 2022, a exportação de 826 toneladas gerou cerca de 40,3 milhões de meticais. A maior parte dessa produção foi destinada ao mercado chinês, o maior consumidor global de macadâmia.

Com o apoio do Governo moçambicano, a expectativa é que o país produza 30 mil toneladas de macadâmia nos próximos dois anos, o que poderá gerar receitas de US$150 milhões anuais. As principais províncias envolvidas são Zambézia, Manica e Niassa, que possuem condições agro-ecológicas favoráveis para o cultivo. O governo está a dinamizar a produção, incentivando a entrada de novos produtores e a expansão de áreas de cultivo.

Esses três produtos estão agora abrangidos pelo recente acordo bilateral entre Moçambique e a China, que permitirá que o país amplie suas exportações para o mercado chinês, fortalecendo ainda mais o sector agrícola moçambicano.

Fonte: O Económico

Exit mobile version