Revista Tempo

Investimento Indonésio pondera implantação de Indústria de Vacinas em Moçambique

As negociações recentes entre Moçambique e a Indonésia abrem caminho para uma possível parceria estratégica no domínio da biotecnologia, com um foco particular na produção local de vacinas. Esta iniciativa, caso se concretize, poderá ser de muita valia para Moçambique, não apenas no que concerne à auto-suficiência sanitária, mas também no desenvolvimento industrial do sector farmacêutico do país.

O Ministro dos Recursos Minerais e Energia, Carlos Zacarias, durante o II Fórum Indonésia-África, revelou que as discussões bilaterais entre os dois países têm avançado no sentido de estabelecer um acordo que possibilite a produção local de vacinas em Moçambique. A Indonésia, conhecida pela sua indústria farmacêutica consolidada, oferece a Moçambique a oportunidade de aceder a tecnologia e conhecimento especializado para criar uma infraestrutura robusta e sustentável de produção de vacinas.

 

Benefícios económicos e sanitários

A concretização desta iniciativa poderá trazer inúmeros benefícios para Moçambique. A produção local de vacinas permitiria ao país reduzir a sua dependência de importações, uma vulnerabilidade exposta de forma dramática durante a pandemia de COVID-19, quando a escassez global de imunizantes evidenciou as fragilidades dos sistemas de saúde dos países em desenvolvimento. Com uma indústria farmacêutica nacional mais forte, Moçambique estaria melhor equipado para responder às suas necessidades sanitárias e, potencialmente, exportar vacinas para países vizinhos, posicionando-se como um hub regional no sector.

Por outro lado, a criação de uma indústria local de vacinas contribuiria significativamente para o desenvolvimento económico. Esta nova indústria poderia gerar empregos e capacitar mão-de-obra local, ao mesmo tempo que estimularia o crescimento de outros sectores relacionados, como a logística e o transporte, essenciais para uma cadeia de frio eficiente.

 

Atenção aos desafios à Implementação

Contudo, os desafios que se colocam à materialização deste projecto são consideráveis. A infraestrutura existente em Moçambique é insuficiente para suportar a produção em larga escala de vacinas, e a escassez de profissionais qualificados é um obstáculo significativo. Para que este projecto tenha sucesso, será necessário um investimento considerável na modernização das infraestruturas e na formação de pessoal.

Além disso, a criação de um ambiente regulatório rigoroso e capaz de garantir a qualidade e segurança dos produtos é imprescindível. Este aspecto é fundamental não apenas para assegurar a eficácia das vacinas produzidas, mas também para garantir que estas cumpram com os padrões internacionais, permitindo a sua exportação para mercados mais exigentes.

As negociações em curso entre Moçambique e a Indonésia representam uma oportunidade singular para Moçambique avançar no campo da biotecnologia. Embora ainda existam muitos obstáculos a superar, a perspectiva de produção local de vacinas marca um potencial ponto de viragem para o País, tanto em termos sanitários quanto económicos.

Fonte: O Económico

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