Revista Tempo

País deve rever previsão de receitas depois de mais um adiamento da ExxonMobil

A multinacional petrolífera Exxonmobil, operadora do consórcio da Área 4, para a produção de gás natural na Bacia do Rovuma, província de Cabo Delgado, adiou, mais uma vez, a decisão final de investimento.Segundo o presidente da ExxonMobil Upstream, Liam Mallon, tal só poderá acontecer em 2026. Isto significa que o país deve rever as previsões de receitas fiscais de taxa de crescimento económico para os próximos anos, segundo a visão do economista, Mukhtar Abdul Carimo.Liam Mallon, presidente da ExxonMobil Upstream, que deu essas garantias, à margem de num breve contacto mantido com a imprensa, minutos após o término de uma audiência que lhe foi concedida pelo Chefe do Estado moçambicano, Filipe Nyusi, disse que decorrem, agora discussões na fase de engenharia inicial do projecto, agora com planos para finalizar as aprovações e tomar a DFI até 2026.Assim, a exploração do gás só poderá acontecer em 2030, e este projecto será uma das iniciativas menos poluentes e com todo o potencial para um futuro promissor no sector de gás natural liquefeito (LNG), segundo avançou o Presidente da República, à margem do encontro.O projecto previa, inicialmente, uma produção de 15,2 milhões de toneladas por ano, mas a companhia antevê, no momento, uma produção anual de 18 milhões de toneladas. A nível global, a petrolífera planeia duplicar, até 2030, o portefólio de gás natural liquefeito (GNL), cuja produção está nas 24 milhões de toneladas anuais.O facto é que, diferentemente do projecto liderado pela Total, na área 1, a ExxonMobil não evoca questões de segurança, pelo que o “O País Económico” questiona que motivações podem motivar a demora da retoma dos projectos e que implicações têm esses sucessivos adiamentos?Muktar Abdul Carimo, entende haver de tudo para relacionar o adiamento da decisão final à segurança, porque, “se olharmos para envolvente macro, há-de-se ver que não está relacionado com a componente de negócios ou lucratividade do negócio, principalmente com o eclodir das guerras agora no médio oriente, o que faz com que esse recurso se torne ainda mais precioso”.Para Carimo, o motivo principal e único é a segurança, apesar de o Governo dizer que há estabilidade relativa em Cabo Delgado.Segundo o economista, as multinacionais não se baseiam “nessas informações” para voltar, porque têm uma fórmula própria para avaliar a situação de segurança, considerando que elas actuam não só em Moçambique.E sobre as implicações, Mukhtar Abdul Carimo julga que os instrumentos de previsão económica devem ser revistos. “Após a decisão final de investimento, existe ainda um período para que se possa iniciar a exportação de gás por via desta entidade.Portanto, não é só financiar e, de seguida, começar a extrair o gás, há aqui dois momentos distintos, após a decisão de investimento, o impacto será na balança de pagamentos com um fluxo maior de importação, com maquinaria pesada e todos os elementos para iniciar a exportação. Na segunda fase, o impacto será enorme, com as receitas fiscais. Não acontecendo isto neste momento, até 2026, como era expectável, o investimento directo estrangeiro vai reduzir drasticamente nessa rubrica”, disse.Aliás o economista diz que o Governo deverá rever o crescimento do PIB que era expectável para os próximos anos, já que se antevia decisão final da ExxonMobil em 2025, o que poderia estimular a economia, com esse encaixe. “Isto significa que temos de rever algumas rubricas para baixo”, acrescentou.A estratégia nacional de desenvolvimento prevê que, a curto e médio prazos, o sector de petróleo e gás irá sustentar o crescimento económico até 2030, e que a taxa de crescimento sairá de 5% em 2025 para 9% até 2030.Entretanto, o economista julga que se deve aproveitar esse tempo de adiamentos para melhorar a capacidade das empresas locais. “Estamos melhor do que estávamos há três anos. Fala-se muito de conteúdo local, mas temos que olhar para o nível de preparação dessas empresas, ainda não estamos preparados para o nível desses investimentos quando começarem a entrar devidamente no país. O facto é que o adiamento danos mais tempo, agora, temos que ver o que fazer”, explicou.Segundo Mukhtar, muitas empresas não estão ainda preparadas para satisfazer às condições de fornecimento de serviços as multinacionais.A Área 4 é operada pela Mozambique Rovuma Venture (MRV), uma joint venture em co-propriedade da ExxonMobil, Eni e CNPC (China), que detém 70 por cento de interesse participativo no contrato de concessão.A ExxonMobil vai liderar a construção e operação das unidades de produção de gás natural liquefeito e infra-estruturas relacionadas em nome da MRV, e a Eni vai liderar a construção e operação das infra-estruturas upstream (a montante).

Fonte:O País

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