Revista Tempo

FMB com défice de 200 mil dólares para viabilizar participação da selecção feminina na pré-qualificação para o Mundial

A Federação Moçambicana de Basquetebol (FMB) está com um défice de 200 mil dólares norte-americanos, o equivalente a mais de 12 milhões de Meticais, para viabilizar a participação da selecção sénior feminina de basquetebol no torneio de pré-qualificação para o Campeonato do Mundo da modalidade, prova que vai decorrer de 19 a 25 do mês em curso no México.Face à situação, a FMB ameaçou, ao fim da tarde de segunda-feira, desistir da prova, tendo em conta que não está a conseguir ter o valor, ainda que tenha batido a muitas portas para o efeito.O organismo que gere o basquetebol moçambicano chamou a imprensa para fazer o ponto da situação sobre o assunto. Segundo o seu respectivo presidente, Paulo Mazivila, depois de muitos contactos com o Governo, houve necessidade de se reconsiderar a decisão, embora o processo ainda não esteja fechado.“A selecção sénior feminina de basquetebol tinha uma agenda de trabalho que foi cumprida na íntegra, em termos de preparação até hoje. Tínhamos previsto partir para os Estados Unidos da América (EUA) para o pré-estágio, o que não aconteceu por dificuldades financeiras que temos enfrentado”, explica Paulo Mazivila.Uma vez falhado o estágio, a FMB teve de redimensionar o plano de trabalho, o que implicaria que a selecção partiria directo para o local da competição.“Marcámos a nossa viagem para amanhã (referindo-se a hoje), mas estamos com inúmeras dificuldades financeiras. Neste momento, estamos com um défice de 200 mil dólares norte-americanos, valor que deveria cobrir as despesas referentes à nossa participação na prova.”Diante da situação, a FMB não via outra saída senão a desistência da prova. Segundo explica Mazivila, em conversa com o Governo através do Fundo de Promoção Desportiva (FPD), instituição adstrita à Secretaria de Estado do Desporto (SED) e com os outros parceiros, ainda há esperança em relação a uma possível solução.“Continuamos a bater a portas até hoje. Há equipas que estão a trabalhar para tentar conseguir esses recursos de que não dispomos para podermos viajar para o México. Vamos observar a calma que nos foi pedida pelo Governo”, anota o dirigente.A eventual desistência da selecção poderia ter implicações para o país. Paulo Mazivila está ciente disso, daí que espera que o processo tenha um desfecho positivo.“Esta é uma prova muito importante, uma vez que vão competir as melhores 16 selecções do mundo. Não faria muito sentido se Moçambique não se fizesse presente neste evento, pois teria repercussões muito graves, sobretudo pelo facto de a selecção nacional ter chances de se qualificar para o Mundial.”O dirigente explica que, ciente das chances que o “cinco” nacional tem, os trabalhos de preparação arrancaram com muita antecedência para permitir maior traquejo à selecção nacional.“Toda a equipa está motivada. Todos estão cientes dos objectivos que nós perseguimos nessa prova, que passam por garantir a qualificação para a maior prova do basquetebol mundial. Seria muito triste para as atletas se não conseguíssemos participar nessa competição”, explica Mazivila.PRÓXIMAS 24 HORAS SERÃO DECISIVASA Federação Moçambicana de Basquetebol mantém a calma, mas as próximas 24 horas poderão ser decisivas quanto à ida ou não da selecção nacional para o México. A FMB promete voltar a pronunciar-se em torno do assunto. Enquanto isso não acontece, o organismo não vai parar de bater às portas, até que uma delas ou, no mínimo todas, se abram.“A selecção está preparada para viajar a qualquer momento. O grupo de trabalho continua a ter sessões de treinos todos os dias. Queríamos antecipar a nossa partida para México por causa da altitude para permitir que as jogadoras se ambientassem antes do arranque da prova”, anota o dirigente.Recuando a fita, o histórico de desistências não é novo na Federação Moçambicana de Basquetebol. Esta é a segunda vez num intervalo de três anos que a FMB ameaça desistir de uma prova internacional por falta de dinheiro.Em Setembro de 2021, a selecção sénior feminina esteve na iminência de falhar o Afrobasket de Yaoundé, Camarões. Na altura, a Federação Moçambicana de Basquetebol dirigida por Roque Sebastião, necessitava de 10 milhões de Meticais para viabilizar a participação das “Samurais” nesta prova.Além da falta de fundos, a FMB alegava não haver condições em termos organizacionais para que a selecção se fizesse presente neste evento, assim como a indisponibilidade de pavilhões para a preparação da selecção.Moçambique chegou, inclusive, a correr o risco de ser penalizado pela não participação neste evento, o que implicaria pagar multa ou então ser suspenso desta prova durante um certo período. Desistências à parte, Moçambique tem a chance de garantir a sua segunda presença no Campeonato do Mundo depois da estreia em 2014, na Turquia.

Fonte:O País

Exit mobile version