Canoista do Benfica fez tri na Taça do Mundo de Poznan, na Polónia, e até recorda quando, há dois anos, ganhou quatro na mesma prova. Diz que estes resultados dão motivação extra para trabalhar para os Jogos de Paris-2024. Antes ainda irá ao Europeu, mas sem pressão.
Após, na véspera, ter dividido o ouro do K1 500m com polaco Slawomir Witczak por terem cortado a linha de chegada com o mesmo tempo (1.45,29m), ontem, no último dia da Taça do Mundo de velocidade de Poznan (Polónia), em canoagem, Fernando Pimenta foi egoísta. Não deixou que se repetisse. Nem no K1 1000m, que ganhou com 3.36,28m, à frente do alemão Jakob Thordsen (3.38,29) e do sueco Martin Nathell (3.38,93), nem, horas mais tarde, no K1 5000m (20.58,14m), dando 41,28s de avanço ao sueco Joakim Lindberg e 42,74 ao francês Jeremy Candy.
Terminou com um raro, mas não inédito a nível pessoal, trio de medalhas de ouro. São já mais de 50 pódios em taças do mundo «e sei que dessas são mais de 25 de ouro. Isso eu sei», diz a A BOLA o olímpico do Benfica. «Não tenho aqui o computador para ver, mas está lá tudo anotadinho. Gosto de ir colocando isso no currículo e mantenho-o atualizado», conta o canoísta de 34 anos.
Lembra-se da primeira em taças do mundo? «Sim», responde de imediato. «Foi de prata em 2010. K2 500m com o Emanuel Silva em Szeged, na Hungria», completa. Desde então até agora, o que pode dizer deste percurso? «Acho que é muito lactato, muita hora de trabalho, treino e bastante sacrifício. E nunca estar contente com o que acabávamos de atingir e querer sempre mais.»
Está muito além daquilo que imaginou naquela altura? «Claro! Muito à frente. Naquela altura nunca imaginava sequer ir aos Jogos Olímpicos, quanto mais isto. Aliás, imaginava, não pensava era conquistar medalha. Foi a partir daí que comecei a ter épocas mais produtivas», recorda quem tem uma prata olímpica em Londres-2012, no K2 1000 com Emanuel, e o bronze de K1 1000 em Tóquio-2020. Prova na qual também estará em Paris-2024.
E este tri de ouro em Poznan? Na época passada havia ganho uma de ouro e duas de prata, não foi? «É verdade, mas, se não me engano, há dois anos, já consegui aqui o quadri. Quatro de ouro [K1 500, 1000 e 5000 e K2 500]. E todas no mesmo dia porque na sexta-feira e sábado houve tempestade e as finais foram passadas para domingo. Foi um feito que até foi realçado pela federação internacional», relembra.
A dois meses e meio dos Jogos, o que é que isto significou e mostrou? «Nesta altura é importante obtermos estes resultados, porque em temos anímicos e psicológicos dão força e motivação extra. E agora o treinador [Hélio Lucas] vai pegar nos dados e analisá-los para ver o meu desempenho. Mas, à partida, foi bom e temos de continuar com o trabalho.»
Mas, tendo em contas as sensações que sentiu, acha que, neste momento, está com a velocidade e resistência desejada? «Não, não… Ainda não estou como queria, mas mesmo assim estes indicadores foram positivos. É continuar a trabalhar para os Jogos, o principal objetivo, para chegar na melhor forma possível.»
Até aos Jogos, Pimenta já só irá competir no Europeu. «Tal como agora, sem qualquer tipo de pressão, para treinarmos em prova. Vamos trabalhar única e exclusivamente com o pensamento nos Jogos, mas uma coisa é o treino, às vezes sozinho ou com um ou dois colegas, outra é com adversários reais, que também querem mostrar bons resultados», salientou Fernando, deixando um agradecimento aos portugueses que o «apoiaram nestes dias e no percurso até aos Jogos, assim como à federação, comité olímpico», ao Benfica e à família.
Fonte: A Bola