Especialistas internacionais alertam sobre a iminência da fome em quatro distritos iemenitas. A carência de alimentos aumenta em crianças vivendo em áreas controladas pelo governo reconhecido internacionalmente.
De acordo com um relatório de Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar, IPC, são esperados níveis “graves” de desnutrição aguda em todos os 117 distritos em áreas controladas pelo governo.
Situação de fome
Esses locais incluem os distritos de Mawza e Mocha na província de Taís, e Hays e Khawkhah na província de Hodeida que “devem entrar em situação de fome entre julho e outubro deste ano”.
O relatório ilustra ainda a piora da insegurança alimentar no país que vive uma guerra civil desde 2014, quando os rebeldes Houthis tomaram o controle da capital, Sanaa, e grande parte do norte do país. O governo movimentou-se para o sul.
Em 2015, uma aliança liderada pela Arábia Saudita entrou no conflito com vista a “restaurar o governo reconhecido pela comunidade internacional”.
Porém em um dos desdobramentos mais recentes, o Iêmen observou um aumento do número de crianças com desnutrição aguda na ordem de 34% em comparação ao ano passado.
Mulheres grávidas e lactantes desnutridas
O relatório revela ainda que mais de 180 mil menores de cinco anos devem ficar gravemente desnutridos até o final de 2024. O IPC constata ainda que cerca de 223 mil mulheres grávidas e lactantes poderão ficar desnutridas neste período.
Comentando a situação, o representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância no Iêmen, Unicef, Peter Hawkins, sinalizou que o documento confirma uma “tendência alarmante de desnutrição aguda para crianças no sul”.
Ele lançou um pedido pela proteção das mulheres, meninas e meninos mais vulneráveis por meio de “um investimento e aumento de esforços de prevenção e tratamento”, em um momento que considera mais crítico do que nunca.
Ajuda humanitária imprópria
Para os especialistas, o conflito que dura uma década causou o aumento acentuado da desnutrição. A população sofre ainda os efeitos combinados de surtos de cólera e sarampo, alta insegurança alimentar, acesso limitado a água potável, declínio econômico e ajuda humanitária inadequada.
O agravamento da guerra que já matou mais de 150 mil pessoas, incluindo civis e combatentes, desencadeou aquela que é tida como uma das piores crises humanitárias do mundo.
As Nações Unidas destacam que cerca de metade da população do país, ou 18,2 milhões de pessoas, precisa de ajuda humanitária este ano.
Fonte: ONU