Os preços do petróleo caíram na terça-feira, 13/08, quebrando uma série de cinco dias de ganhos, com os mercados voltando a se concentrar nas preocupações com a demanda depois que a OPEP cortou na segunda-feira, 12/08, a sua previsão de crescimento da demanda em 2024 devido a expectativas mais suaves na China.
Os futuros do petróleo Brent, referência mundial, caíram 57 cêntimos, ou 0,7%, para US$ 81,73 por barril, às 06:30 GMT. Os futuros do petróleo bruto West Texas Intermediate dos EUA caíram para US$ 79,58 por barril, 48 cêntimos, ou 0,6%.
O Brent tinha ganho mais de 3% na segunda-feira, 12 de Agosto, enquanto os futuros do petróleo dos EUA tinham subido mais de 4%.
A redução da previsão da procura global da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) para 2024 realçou o dilema enfrentado pelo grupo OPEP+ em aumentar a produção a partir de Outubro.
O corte na previsão da OPEP para 2024 foi o primeiro desde que foi feito em Julho de 2023, e surge após sinais crescentes de que a procura na China ficou aquém das expectativas devido à queda do consumo de gasóleo e à crise no sector imobiliário que prejudica a segunda maior economia do mundo.
“As preocupações com a procura de petróleo bruto permanecem em cima da mesa”, disse à agência Reuters, Yeap Jun Rong, estratega de mercado da IG, acrescentando que as reservas persistiam antes dos próximos dados de inflação dos EUA.
“Qualquer reflexo de riscos económicos mais elevados poderá pesar sobre os preços do petróleo, numa altura em que a OPEP+ cortou a sua previsão de procura para 2024 e deverá reverter os seus cortes de produção a partir de Outubro, o que poderá apontar para um mercado petrolífero menos apertado”, disse Yeap.
Mas acrescentou que os investidores continuam atentos às últimas tensões geopolíticas.
O conflito no Médio Oriente agravou-se, com os EUA a prepararem-se para o que poderão ser ataques significativos por parte do Irão ou dos seus representantes na região, já esta semana, disse na segunda-feira, 12 de Agosto, o porta-voz da segurança nacional da Casa Branca, John Kirby.
A Reuters, entende que qualquer ataque poderia restringir o acesso ao abastecimento mundial de crude e aumentar os preços. Um ataque poderia também levar os Estados Unidos a colocar embargos às exportações de crude iraniano, afectando potencialmente 1,5 milhões de barris por dia de abastecimento, segundo os analistas.
Os mercados estão também a preparar-se para o relatório de quarta-feira sobre o índice de preços no consumidor dos EUA, que dará uma leitura crucial sobre a inflação, com os investidores agora preocupados com o facto de um número excessivamente deprimido do IPC poder alimentar os receios de uma recessão.
De acordo com Reuters, os mercados monetários chegaram a apostar num corte de 25 ou 50 pontos-base nas taxas de juro dos EUA em Setembro, esperando uma flexibilização total de 100 pontos-base até ao final de 2024, segundo a ferramenta FedWatch da CME.
Os cortes nas taxas tendem a aumentar a actividade económica, o que aumenta a utilização de fontes de energia como o petróleo.
Fonte: O Económico