A Agência de Desenvolvimento Integrado do Norte (ADIN) anunciou que ira dispor de US$ 23 milhões para financiar projectos económicos e sociais nas províncias de Nampula, Cabo Delgado e Niassa, regiões conhecidas por seus altos índices de pobreza e instabilidade. A ADIN, lançada em 2020 pelo Presidente Filipe Nyusi, tem como missão reduzir as assimetrias regionais, mas será que os projectos previstos realmente trarão mudanças significativas para a população local?
Segundo Jacinto Loureiro, presidente da ADIN, os fundos provêm de várias organizações, incluindo o Banco Mundial e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). “Temos imensos projectos financiados pelas diversas organizações […] Todos estes projectos estão a ser neste momento coordenados pela ADIN”, afirmou Loureiro durante a cerimónia de lançamento da pedra fundamental para a construção do escritório da agência em Nampula.
Os projectos visam, entre outras coisas, solucionar os problemas das vítimas dos ataques armados em Cabo Delgado, uma região devastada pela insurgência desde 2017. No entanto, a questão que persiste é: esses US$ 23 milhões são suficientes para combater as causas profundas da pobreza e da violência que assolam essas províncias?
Os dados mais recentes mostram que as províncias de Niassa, Nampula e Cabo Delgado têm os índices de pobreza mais elevados do país, com 67%, 65% e 53% respectivamente, comparados à média nacional de 43%. As iniciativas propostas pela ADIN podem proporcionar alívio temporário, mas a sustentabilidade e o impacto a longo prazo desses projetos permanecem incertos.
ADIN e a promessa de US$ 23 milhões: uma solução real ou mais do mesmo?
A recente alocação de US$ 23 milhões pela Agência de Desenvolvimento Integrado do Norte (ADIN) para projetos nas províncias de Nampula, Cabo Delgado e Niassa levanta questões sobre a eficácia e a transparência desses investimentos. Anunciado em 25 de Julho, o financiamento, que inclui contribuições do Banco Mundial e do PNUD, visa enfrentar os problemas económicos e sociais dessas regiões. No entanto, o histórico de gestão de fundos e os desafios sistêmicos colocam em dúvida a verdadeira transformação que esse montante pode proporcionar.
Jacinto Loureiro, presidente da ADIN, destacou que os projectos são destinados principalmente para atender as vítimas dos ataques insurgentes em Cabo Delgado, uma das regiões mais afetadas pela violência desde 2017. Enquanto a intenção é louvável, a realidade dos números é menos promissora. Niassa, Nampula e Cabo Delgado apresentam índices de pobreza significativamente mais altos que a média nacional, com Niassa liderando com 67%.
A criação da ADIN em 2020 pelo presidente Filipe Nyusi foi uma resposta às crescentes disparidades regionais, mas a implementação e o impacto de suas iniciativas ainda são questionáveis. A injeção de fundos estrangeiros é frequentemente acompanhada por preocupações sobre a eficácia na distribuição e o uso desses recursos. Será que esses US$ 23 milhões serão geridos de forma a garantir um impacto duradouro? Ou veremos mais um ciclo de promessas não cumpridas e descontentamento popular?
Os desafios de segurança, infraestrutura precária e falta de oportunidades econômicas continuam a atormentar o norte de Moçambique. Sem uma abordagem holística e transparente, os projetos financiados pela ADIN correm o risco de serem meramente paliativos, incapazes de gerar mudanças estruturais necessárias para o desenvolvimento sustentável e a estabilidade regional.
Fonte: O Económico