Há muito dinheiro a ser gasto que não se sabe para onde vai, aliado a isso, há um grave problema de liderança. Quem o diz é são os analistas Hélder Jauana e Borges Nhamire, que sublinham que não basta apenas fazer a aprovação de políticas, é necessário efectiva-las.Para Borges Nhamire a grande questão por detrás dos gastos exorbitantes com os salários dos funcionários públicos é que existe muito dinheiro que se gasta com pessoal, mas que não “sabemos” para onde realmente vai.“Não há formação de polícias há três anos, alegadamente, para cortar recursos, mas nós precisamos de polícia. Depois, não há comida nos quarteis, no Centro de Instrução de Moguine, por exemplo, em fevereiro, chegaram a parar com o treinamento porque não havia comida para os recrutas, isso num país em guerra. No entanto, o FMI deve também dizer que não há comida no quartel, mas há na casa dos chefes”.Nhamire acredita que os que governam o país “estão efectivamente a levar mais do que deveriam”, aliado a falta de liderança. “Moçambique tem sérios problemas de liderança. Teve liderança no passado com o presidente Samora, concordemos ou não, mas ele levava o povo e o conduzia para uma determinada direcção”.E questiona: “O presidente Nyusi levou-nos para onde, ele dirigiu esse país para onde. Qual era a agenda dele… bem bem o que o Presidente Nyusi nos levou a fazer?”.A liderança, continuou, é fundamental para que as políticas sejam materializadas. “O presidente Guebuza, que não era um santo, disse que queria resolver problema dos distritos e começou a fazer coisas lá no distrito e distribuiu sete milhões, depois disse que queria construir infra-estruturas e fez. Mas nesses últimos dez anos, não consigo ver o que fizemos”.Hélder Jauana também acrescenta que um bom governo só é construído quando há uma boa liderança. “É preciso que se comece a avaliar se agiriamos da mesma forma se fossemos nós a pagar, se não, deve haver uma reflexão”.
Fonte:O País