Em reunião do Conselho de Segurança nesta terça-feira, a coordenadora sênior de reconstrução e ajuda humanitária das Nações Unidas para Gaza, Sigrid Kaag, disse que os civis estão mergulhados em um “abismo de sofrimento”.
Após a reunião, ela conversou com jornalistas e ressaltou que o mecanismo de aceleração da ajuda a Gaza está “operacional”. Citando a resolução 2720, que deu origem a seu mandato, Sigrid Kaag mencionou alguns avanços como o estabelecimento de rotas adicionais de abastecimento.
Contatos com o primeiro-ministro de Israel
Nesse sentido, a coordenadora sênior destacou o corredor a partir da Jordânia, a rota marítima a partir do Chipre, a abertura das passagens de Zikim e Erez, bem como a reabertura temporária do porto de Ashdod. Segundo ela, esses esforços foram “muito importantes para permitir a chegada de ajuda no norte de Gaza”, no entanto o fechamento da passagem de Rafah, no sul, reduziu o volume da assistência.
Quando perguntada sobre compromissos assumidos por Israel, Sigrid Kaag disse que intenções são importantes, mas que “o que importa são as mudanças em campo que podem ser vistas e medidas”.
A representante da ONU afirmou estar em contato, no mais alto nível político, com os principais governos e outras partes interessadas na região. No Conselho de Segurança ela citou um encontro com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, duas semanas atrás.
De acordo com Sigrid Kaag, o líder israelense assumiu novos compromissos para acelerar a entrega de suprimentos essenciais para água, saneamento, gestão de resíduos, serviços médicos e necessidades educacionais.
“Turbilhão de miséria humana”
Ela revelou ainda que discussões estão em andamento para estabelecer um sistema mais regular e previsível de evacuações médicas para pacientes, facilitadas pela Organização Mundial da Saúde, OMS.
Para os membros do Conselho de Segurança, a coordenadora sênior disse que a guerra não criou apenas uma crise humanitária, mas desencadeou um “turbilhão de miséria humana”.
Para descrever esta realidade, Sigrid Kaag mencionou o colapso sistema de saúde e a desestruturação do sistema educativo, que considera uma “ameaça às gerações futuras”. Ela enfatizou que nas visitas que realizou a Gaza se deparou muitas vezes com a pergunta de se “algum dia todo este sofrimento acabará”.
Colapso da ordem civil
Segundo ela, “a ausência de lei e o colapso da ordem civil tornam muito difícil para os humanitários, inclusive para a ONU, receber ajuda e distribuí-la”. Por isso, um cessar-fogo seria “decisivo para transformar as condições em campo”.
A representante da ONU afirmou ser urgente estabelecer um sistema de redução de conflitos e coordenação eficaz, credível e previsível em Gaza.
Sigrid kaag alertou também que com o aumento das temperaturas no verão e a grave escassez de serviços básicos, como gestão de resíduos, instalações sanitárias e abastecimento de água, o espectro de surtos de doenças infecciosas e transmissíveis é cada vez maior.
No dia 30 de junho, o Ministério da Saúde de Gaza afirmou que os hospitais estão lidando com mais de 10 mil casos notificados de hepatite A e 880 mil casos de doenças respiratórias, diarreia, infecções de pele e surtos de piolhos.
Fonte: ONU