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Brasil destaca contribuições e planos em Cúpula de Chefes de Polícia da ONU

Na última semana, a sede das Nações Unidas em Nova Iorque recebeu a quarta Cúpula dos Chefes de Polícia das Nações Unidas. O evento reuniu mais de 500 representantes dos Estados-membros, incluindo ministros e vice-ministros, chefes de polícia e chefes de guarda, para reafirmar a importância do multilateralismo na abordagem de desafios globais complexos.

A delegação brasileira foi liderada pelo general Ricardo Rabelo e composta por representantes do Ministério da Defesa, Ministério de Relações Exteriores e Ministério da Justiça e Segurança Pública. O líder da missão do Brasil concedeu uma entrevista à ONU News sobre a participação do país no evento e destacou as contribuições de autoridades com as missões da ONU.

A Cúpula reúne ministros, chefes de polícia e representantes seniores de organizações regionais e profissionais de policiamento para se engajarem no fortalecimento da paz internacional, da segurança e do desenvolvimento para todos por meio do poder unifi…
UN Photo/Rick Bajornas
A Cúpula reúne ministros, chefes de polícia e representantes seniores de organizações regionais e profissionais de policiamento para se engajarem no fortalecimento da paz internacional, da segurança e do desenvolvimento para todos por meio do poder unificador e da função facilitadora do policiamento nacional e das Nações Unidas.

ONU News: Quais são os planos do Brasil para intensificar seu apoio às operações policiais da ONU em futuras missões?

Ricardo Rabelo: O Brasil tem longo histórico de participação em missões de paz das Nações Unidas. Desde a criação da ONU, foram estabelecidas 71 operações de paz até a data atual, das quais o Brasil participou de 42. Essa participação inclui missões emblemáticas como a Minustah, no Haiti, Unifil, no Líbano, Unavem, em Angola, Untaet e Unmiset, no Timor-Leste, e muitas outras em diversas partes do mundo.

Ao longo das décadas de envolvimento do Brasil em missões de paz, os militares brasileiros têm reconhecidos seu profissionalismo, disciplina, espírito de liderança e capacidade de engajamento com as comunidades. A indicação de oficiais brasileiros para os prêmios da ONU, em diferentes áreas, exemplifica esse reconhecimento.

Por exemplo, o Cabo Raony Osório, da PM de Santa Catarina, atuando na Unsom, na Somália, foi indicado para o Prêmio Anual do Secretário-Geral da ONU, na categoria “valores e comportamentos”.  

Além das operações de segurança, as tropas brasileiras têm sido ativas em projetos de apoio comunitário, incluindo assistência médica e engenharia. A tenente-coronel Renata Monteiro, desdobrada na Unmiss, no Sudão do Sul, foi indicada para o Prêmio de Defensora Militar da Igualdade de Gênero da ONU.

O Brasil tem participado dos debates na ONU sobre a necessidade de aperfeiçoamentos nas práticas policiais, incluindo treinamento adequado e a incorporação de novas tecnologias para a melhora de performance em operações.

O Brasil tem uma vasta experiência acumulada, em cenários de diversos graus de complexidade, fazendo com que sua presença em operações permita o compartilhamento de práticas que impactam positivamente na eficiência das operações.

Na ONU, notadamente durante a quarta Cúpula dos Chefes de Polícia das Nações Unidas, a participação em painéis de discussões e em encontros bilaterais proporcionaram uma oportunidade para fortalecer a ideia da necessidade do esforço conjunto, com a participação de todos, para assegurar a paz.

Para o Brasil, a interação no ambiente multilateral, induz à aproximação entre países para buscar a cooperação direta em áreas importantes, como a capacitação, a troca de informações e a incorporação de novas tecnologias.

Em suma, o intercâmbio de boas práticas e a formação de parcerias estratégicas. A participação do país em componentes policiais das missões de paz se pauta por essas diretrizes, que seguem vigentes.

Reprodução
O general Otávio de Miranda Filho cita a busca contínua de melhores resultados para aliviar o sofrimento de congoleses

ONU News: Como o Brasil está atualmente envolvido nas ações e missões da ONU em termos de operações de paz e segurança?

Ricardo Rabelo: O Brasil tem militares individualmente desdobrados em missões de paz e, até recentemente, um militar brasileiro, general Miranda Filho, cumpria a missão de chefia militar (force commander) da Missão de Estabilização da República Democrática do Congo, Monusco.

Além do desdobramento de pessoal, o Brasil oferece treinamento a militares de terceiros países para atuação em operações de paz.

ONU News: O Brasil desempenha um papel significativo na missão da ONU no Congo. Quais inovações e práticas o Brasil introduziu nessa missão que se destacam?

Ricardo Rabelo: A Monusco contou, ao longo de sua existência, com cinco force commanders brasileiros, sendo o mais recente o General Miranda Filho.

Ademais, a história da missão foi marcada pela liderança do General Santos Cruz, que desempenhou papel importante nas operações ofensivas, por meio da Brigada de Intervenção da Monusco. Atualmente, no momento de transição da Monusco, com vistas a sua eventual retirada, o comando brasileiro liderou as primeiras fases de redução da missão.

Além dos aspectos de combate, a liderança brasileira fez uso de novas tecnologias de imagens e de veículos não tripulados. O emprego de técnicas de comunicação estratégica e combate a desinformação também marcou a atuação brasileira. A estreita coordenação com a liderança política da missão foi outro elemento que marcou a liderança militar brasileira.

Destacam-se a capacidade dos militares brasileiros de atuar em ambientes complexos. No caso da RDC, as equipes móveis de treinamento para guerra na selva desempenham importante papel na capacitação de tropas para os confrontos que têm lugar em território congolês.

Erika Campos/Ministério de Relações Exteriores do Brasil
General Ricardo Rabelo (direita) destacou a participação histórica brasileira em missões de paz e as inovações introduzidas

ONU News: De que maneira os aprendizados e experiências adquiridos em solo brasileiro estão sendo utilizados para implementar e compartilhar boas práticas em missões internacionais da ONU?

Ricardo Rabelo: O Brasil tem oferecido treinamento para militares estrangeiros em diferentes capacidades para missões de paz, no Centro Conjunto de Operações de Paz.

O Brasil também participa, como ofertante de treinamento, das parcerias triangulares de capacitação (TPP, Triangular Partnership Programme). 

Fonte: ONU

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