Kharkiv, a segunda cidade mais populosa da Ucrânia e localizada a apenas 30 km da fronteira com a Rússia, está entre as áreas urbanas mais atingidas pela guerra e recentemente sofreu novos bombardeios.
O prefeito Ihor Terekhov revelou que 150 mil dos 1,3 milhão de habitantes da cidade estão atualmente desabrigados, com cerca de 9 mil casas destruídas desde o início do conflito.
Destruição em Kharkiv
A destruição também atingiu 110 creches e 130 escolas, metade das instituições educacionais da cidade, além de todas as usinas de energia térmica, subestações de transformadores, 88 instituições médicas e 185 edifícios de serviço social.
Em meio a crise, a Conferência de Recuperação da Ucrânia reúne em Berlim até esta quarta-feira governos, atores internacionais e locais, e a Comissão Econômica das Nações Unidas para a Europa, Unece, para renovar o compromisso de apoiar Kharkiv.
As conversas têm como objetivo unir esforços entre o governo ucraniano, agências da ONU e prefeitos para enfrentar os enormes desafios de reconstrução e recuperação da cidade.
US$ 10 bilhões para reconstrução da cidade
A secretária executiva da Unece, Tatiana Molcean, anunciou a expansão da iniciativa UN4UkrainianCities para apoiar a reconstrução de Kharkiv, financiada pelo Ministério Federal Alemão de Cooperação Econômica e Desenvolvimento. A UNECE, pioneira no planejamento de reconstrução da cidade, baseia seu trabalho no plano diretor desenvolvido pela Norman Foster Foundation.
Esses esforços incluem um Programa de Recuperação Abrangente e um Plano de Recuperação para Kharkiv, com uma estratégia econômica elaborada por especialistas das Universidades de Harvard e Oxford.
O prefeito Ihor Terekhov estima que serão necessários cerca de US$ 10 bilhões para a futura reconstrução da cidade.
A Unece está ampliando o apoio em nível nacional para a elaboração de uma nova lei de política habitacional, que deverá ser apresentada ao parlamento em julho de 2024. Essa cooperação também abrange o desenvolvimento do Cadastro Urbano da Ucrânia, mobilizando um grupo internacional de especialistas em consultoria.
Conflito na região
De acordo com a Agência da ONU para Refugiados, Acnur, milhares de pessoas foram evacuadas de cidades em áreas de fronteira da região de Kharkiv pelas autoridades ucranianas com a ajuda de voluntários e organizações humanitárias.
A maioria dos evacuados, que tiveram que fugir de suas casas com apenas alguns pertences, já é altamente vulnerável e inclui principalmente idosos e pessoas com pouca mobilidade ou deficiências que não puderam fugir antes.
Segundo psicólogos que trabalham com o Acnur, muitos estão sofrendo de estresse agudo. Para receber e apoiar muitos dos evacuados altamente vulneráveis, um centro de trânsito foi imediatamente criado na cidade de Kharkiv pelas autoridades e organizações humanitárias.
Eles foram registrados como pessoas deslocadas internamente, receberam diferentes tipos de assistência humanitária, como itens básicos de socorro, assistência psicossocial e jurídica, inscreveram-se para receber assistência em dinheiro e foram orientados sobre as opções de acomodação disponíveis.
Deslocamento interno
A maioria dos evacuados expressou um desejo claro de ficar com membros da família ou em acomodações de aluguel e locais coletivos em Kharkiv e não se afastar mais de suas casas, para poder retornar quando a situação permitir.
Ao mesmo tempo, mais pessoas continuam fugindo das comunidades da linha de frente nas regiões de Donetsk, Sumy, Zaporizhzhia e Kherson em direção às regiões central e oeste.
As autoridades que lideram a resposta estão solicitando apoio para ajudar a receber e auxiliar as pessoas deslocadas internamente. É possível que o número de pessoas deslocadas e evacuadas aumente nas próximas semanas e meses, se os ataques aéreos continuarem e em antecipação aos meses de inverno.
O Acnur está particularmente preocupado com a temporada de inverno, pois as necessidades serão enormes na Ucrânia devido à destruição da infraestrutura de energia, juntamente com os ataques contra assentamentos em áreas de linha de frente e contra centros urbanos.
Fonte: ONU