Revista Tempo

Marselha-Benfica: vencer é o detalhe que salva uma época

Marselha-Benfica: vencer é o detalhe que salva uma época

Águias disputam oportunidade de chegar a uma meia-final europeia dez anos depois

O Benfica joga esta quinta-feira a segunda mão dos quartos de final frente ao Marselha, no estádio Vélodrome, às 20 horas. Com uma época em mãos aquém do que seria esperado em agosto, chegar à meia-final da Liga Europa — e quem sabe, vencê-la — pode ser o detalhe que distingue uma época de insucesso e uma época inesquecível.

Será a sexta vez que os dois históricos se defrontam, com a equipa de Lisboa em melhor posição no confronto direto: em 1989/90, os encarnados eliminaram os franceses após derrota em França e vitória em casa (com a famosa mão de Vata em evidência), tendo chegado à final da Taça dos Campeões Europeus, onde perderiam contra o Milan.

Já na época 2009/10, os dois conjuntos encontraram-se nos oitavos de final da Liga Europa, registando-se um empate em Marselha e uma vitória no Estádio da Luz. À época, Kardec consumou a vitória que daria a qualificação ao clube de Lisboa. Di María atravessava a sua primeira passagem pelos encarnados, e foi titular nas duas mãos. Conseguirá o Benfica fazer três em três, ultrapassando, esta noite, os les olympiens?

Felix Zwayer, árbitro alemão, é o escolhido para apitar o encontro, e vai ter como árbitros assistentes os compatriotas Stefan Lupp e Marco Achmuller, bem como o quarto árbitro Harm Osmers. Bastian Dankert e Marco Fritz completam a equipa de arbitragem, com as funções de VAR/AVAR.

Com sete pontos entre os encarnados e os líderes do campeonato, as águias sabem que a revalidação do título é basicamente uma miragem — talvez por isso Roger Schmidt tenha optado por descansar oito jogadores no último encontro, frente ao Moreirense (mantendo apenas João Neves, Alexander Bah e David Neres no onze), por entender que os habituais titulares deveriam descansar para entrar no relvado de Vélodrome na máxima força. A aposta correu bem, com a formação lisboeta a sair do recinto com os três pontos e a segunda vitória consecutiva.

O Benfica viaja para o Marselha praticamente na máxima força, com apenas duas ausências a registar: Bernat prossegue em recuperação da pubalgia que contraiu no início da época, sendo que Tomás Araújo se lesionou na primeira parte frente ao Moreirense, onde se estreou a marcar pela equipa principal das águias e se mostrou a bom plano.

Há ainda a destacar a presença de dois jovens da equipa B, Diogo Spencer e Adrian Bajrami, que viajaram com o plantel dos encarnados para França. O lateral estreou-se pela equipa principal na vitória por 3-0 contra o Moreirense, ao passo que o central, embora ainda não tenha pisado o relvado em representação da equipa principal, já havia sido chamado por Roger Schmidt para integrar uma convocatória, frente ao Arouca, para a 16.ª jornada da Liga.

Em caso de empate ou vitória, as águias seguem para uma meia-final europeia dez anos depois de uma equipa portuguesa o ter conseguido, sendo essa equipa… o próprio Benfica. Na altura, Jorge Jesus era o treinador e o conjunto de Lisboa eliminava o Az Alkmaar, chegando a esta fase (e posteriormente, à final) da Liga Europa pela segunda época consecutiva. Se conseguirem ultrapassar o Marselha esta noite, será a 15.ª vez que os encarnados disputam uma meia-final europeia.

Onze provável: Trubin; Alexander Bah, António Silva, Otamendi, Aursnes; João Neves, Florentino; Di María, Rafa, David Neres; Tengstedt.

Figura: Di María. Descansou no último encontro e em boa altura o fez. O mágico argentino continua a fazer a diferença no relvado, com o seu virtuosismo e capacidade de decidir com um lance em meros segundos, mas notou-se bem a sua fadiga nos últimos vinte minutos na primeira mão da eliminatória contra o Marselha.

Caso pise o relvado do Vélodrome esta noite, Di María defrontará o Marselha pela 20.ª vez, isolando-se a equipa francesa como a que mais vezes defrontou na sua carreira: neste momento, o Marselha partilha o primeiro lugar com Barcelona e Lyon, com o extremo argentino a ter defrontado cada uma das três equipas em 19 ocasiões.

O que disse Roger Schmidt, treinador do Benfica: «Temos de jogar um jogo muito bom, claro que é diferente, cada jogo é único; ganhámos a primeira mão, fizemos um jogo muito bom mas infelizmente concedemos um golo, mas ganhámos e agora este jogo é exigente também porque jogamos no estádio deles. É diferente, mas faz parte da fase a eliminar e temos de jogar dois bons jogos para conseguir a qualificação e claro que a qualidade dos adversários nos quartos de final desta competição é sempre de top, vimos isso na primeira mão, temos de jogar um jogo guerreiro, temos de acreditar em nós próprios, temos de respeitar a qualidade do Marselha e, claro, se estivermos bem acreditamos que temos uma boa chance de seguir para as meias finais.»

É um Marselha numa crise profunda na Ligue 1 que recebe o Benfica esta noite. A equipa treinada por Jean-Louis Gasset vem de cinco derrotas consecutivas e encontra-se em nono lugar no campeonato, embora com menos um jogo que o Reims, oitavo.

Este jogo a menos não é obra do acaso. As equipas francesas que ainda se encontram a disputar competições europeias tiveram os seus jogos para a Ligue 1 adiados, o que significa que o Marselha vai defrontar a equipa encarnada com uma semana de descanso (o último encontro que os franceses disputaram foi precisamente a primeira mão contra as águias).

Ainda assim, os les olympiens continuam com muitas ausências no plantel, e nem os sete dias de descanso trouxeram boas notícias para a equipa francesa. Jean-Louis Gasset contava com uma possível recuperação de Clauss e Sarr, para poderem ocupar o corredor direito, mas os jogadores não recuperaram e, portanto, o treinador vai ter de continuar a improvisar. Merlin, que se lesionou na Luz, também não está apto para ir a jogo, ao passo que Murillo ainda poderá ser opção.

Nota ainda para o facto de, embora a época não estar a correr de feição ao Marselha, a equipa francesa só perdeu por uma vez a jogar em casa, diante do PSG no último jogo antes de enfrentar o Benfica.

Onze provável: Pau López; Mbemba, Gigot, Balerdi, Luis Henrique; Kondogbia, Veretout, Gueye; Harit, Moumbagna, Aubameyang.

Figura: Pierre-Emerick Aubameyang. Faturou frente ao Benfica na primeira mão, deixando em aberto a eliminatória, e é o melhor marcador desta edição da Liga Europa, com 10 golos. O avançado é claramente o jogador a ter em conta, e se os encarnados o conseguirem neutralizar, estarão sempre mais perto de se qualificarem para a meia-final da competição.

O que disse Jean-Louis Gasset, treinador do Marselha: «Temos de encontrar o equilíbrio para criarmos dúvidas no adversários e atacarmos. Mas temos de ter cuidado nas transições, algo que não fizemos na 1.ª mão. Eles têm bons jogadores no contra-ataque. Temos trabalhado na estabilidade defensiva durante toda a semana. Temos de marcar e temos de manter a nossa baliza a zeros. Na quinta-feira, vamos fazer os dois.»

Fonte: A Bola

Exit mobile version