A crise mais recente da Boeing piorou a escassez de aeronaves, como o Max 9 da fabricante americana. Os preços de aluguer de aeronaves usadas tanto da Boeing como da Airbus dispararam, e alcançando níveis não vistos desde antes da pandemia, em 2019 e início de 2020.
A crise envolvendo os modelos 737 Max, da Boeing, piorou o quadro de escassez de aeronaves populares de corredor único – e corpo estreito, ou narrow body -, elevando o custo do aluguel de jatos usados ao nível mais alto em anos, o que pressiona ainda mais as operações de companhias aéreas e, por tabela, os preços de passagens.
O fabricante americano de aviões diminuiu a produção de seu modelo mais vendido para lidar com deficiências de qualidade relacionadas a um quase desastre em um 737 Max 9 da Alaska Airlines em Janeiro.
Com a fabricante europeia Airbus também está a “lutar” para conseguir aumentar a produção, os aviões disponíveis continuam escassos. Como resultado, companhias aéreas estão a procurar jatos alugados – especialmente os maiores de corredor único que transportam mais passageiros.
Um 737 Max 9 com três anos de uso, o maior avião estreito em produção da Boeing, agora tem um aluguel mensal mais alto do que antes da pandemia, de acordo com dados da Ishka Global, que acompanha os preços de aeronaves.
O preço de um 737-900ER de modelo anterior se aproxima dos níveis de Janeiro de 2020, época em que o mercado de transporte aéreo comercial atravessava o seu melhor momento. Uma tendência semelhante impulsionou os preços para o Airbus A321neo e para a variante anterior, o A321-200.
Nos dois primeiros casos acima citados, os valores subiram perto de 60% em relação ao momento mais baixo há poucos anos, entre 2021 e 2023.
De acordo com as cifras levantadas pela plataforma Ishka, a taxa mensal para o modelo Max 9 era de US$ 315 mil em Março, em comparação com US$ 305 mil no início de 2020. O Airbus A321-200 custa US$ 335 mil por mês para alugar, como acontecia em Janeiro de 2020.
Os arrendadores de aeronaves ganharam vantagem sobre os clientes e agora são mais propensos a transferir aviões de companhias aéreas com dificuldades para aquelas dispostas a pagar um prêmio, disse Eddy Pieniazek, chefe de assessoria da Ishka Global.
As transportadoras “estão a competir com um número decrescente de activos disponíveis”, disse ele.
Os preços de aluguer de aeronaves usadas já haviam disparado em 2023, diante de um quadro mais amplo de escassez que se desenvolveu quando as viagens aéreas se recuperaram rapidamente dos efeitos de queda da demanda da pandemia.
Enquanto as companhias aéreas encomendaram aviões em números recordes, a Airbus e a Boeing, as duas fabricantes que dominam o mercado, demoraram mais tempo para conseguir retomar os níveis de produção.
Embora as entregas da Airbus estejam a aumentar, restrições dos fornecedores têm retardado seu progresso em relação à produção pré-Covid.
As companhias aéreas também enfrentam problemas de motores que deixaram centenas de aviões da série A320 em terra, o que apertou ainda mais a disponibilidade.
Disrupções na Boeing remontam à proibição global do 737 Max em 2019, após dois acidentes fatais que causaram centenas de mortes.
A tentativa da empresa de aumentar as entregas foi prejudicada por uma série de problemas de produção antes da explosão de um painel da fuselagem em um voo da Alaska Air Group em 5 de Janeiro deste ano.
A análise regulatória dos Estados Unidos desde então adiou a certificação do que será o maior 737, o modelo Max 10. O momento incerto de sua estreia forçou a United Airlines e outras companhias a reduzir os respectivos planos de crescimento, buscar modelos alternativos ou ambos.
As autoridades regulatórias também limitaram as entregas do Boeing 737 a 38 unidades mensais para garantir que a empresa possa dedicar a devida atenção à melhoria de sua segurança e a processos de fabricação.
Fonte: O Económico