Alguém no Benfica determinou o apagão das redes sociais. Nem vale a pena justificar. Soaria a ‘desculpem qualquer coisinha’. Indigno do clube
Anda por aí uma agitação, no universo benfiquista, também capitalizada pelos adversários dos encarnados, sobre a recusa de Roger Schmidt, ontem reafirmada, em pedir desculpa depois da humilhante goleada sofrida no Dragão.
É a espuma dos nossos dias, que sempre existiu, mas agora ganha força numa sociedade cada vez mais superficial, sem tempo para refletir e intolerante a opiniões contrárias à maré.
Não só o treinador do Benfica tem o direito de considerar que não deve desculpas a alguém, como este é, sempre, assunto que entra em matéria de consciência e sobre o qual, no que diz respeito a Schmidt e a cada um de nós, ninguém tem o direito de julgar.
Talvez tenha passado despercebido, no meio da tormenta e na justificação, em conferência de Imprensa, para considerar que não tem de reclamar perdão a sócios e adeptos, que Schmidt disse, numa tradução livre, que não iria fingir só para agradar. E, aqui, talvez esteja a profundidade do assunto.
Quando chegou a Portugal, mesmo admitindo que tudo soa melhor sob o manto das vitórias e sucesso, Schmidt pareceu sempre mais sincero do que o contrário. Talvez tenha, entretanto, assimilado alguns maus hábitos que por cá teimam em desaparecer.
Os treinadores, como os jogadores ou dirigentes, não podem, todos compreendemos, meter as cartas todas na mesa. Mas, mais do que pedir desculpa, descrever aquilo que entra pelos olhos de todos, reconhecer que o adversário foi superior do início ao fim, que foi o que fez depois do que se passou no Porto, qualquer benfiquista, ou observador do fenómeno do futebol português, gostaria de saber, pela boca de Schmidt e verdadeiramente, porque foi o Benfica tão inferior contra o FC Porto, inferior contra o Sporting, porque Arthur Cabral saiu da equipa quando andava a marcar golos, porque Kokçu joga ao lado de João Neves, atrás de Rafa ou à esquerda do meio-campo, porque Jurásek foi contratado em detrimento de Kerkez, porque Morato ainda é a primeira opção para lateral-esquerdo, porque Aursnes é pau para toda a obra, porque a equipa é frágil a defender e não tem soluções a atacar quando encontra adversários fortes, porque não retira o potencial do plantel, porque, porque, porque…
Desculpas há-as para todos os gostos e feitios, e para todas as ocasiões, já todos algumas as usámos, sinceras, de circunstância, esfarrapadas, de mau pagador.
Talvez Schmidt pudesse usar uma destas e ninguém disso agora estaria a falar. Mas, em qualquer circunstância, pelo visto e ouvido, não seria sincero. E o único julgamento que se deve fazer é mesmo sobre o trabalho de Schmidt e os resultados por ele produzidos.
Alguém na organização do Benfica decidiu que as redes sociais deixassem de publicar atualizações sobre o que se passava no Dragão, depois do quarto golo do FC Porto. Nem vale a pena, agora, o Benfica justificar. Soaria a qualquer coisa como desculpem lá qualquer coisinha. Indigno do Benfica.
Fonte: A Bola