O Conselho de Segurança debate nesta quinta-feira a situação em Mianmar com foco na piora da violência no estado de Rakhine. Desde novembro passado, a escalada de confrontos matou 170 civis e cerca de 400 ficaram feridos.
A ONU estima que as 157 mil pessoas deslocadas no período fizeram subir o total de desalojados para 2,8 milhões. Cerca de 90% delas deixaram as áreas de origem após a tomada do poder pelos militares e carecem de acesso urgente a alimentos, abrigo e segurança.
Fim da campanha militar de violência
O secretário-geral assistente para o Médio Oriente, Ásia e Pacífico, Mohamed, Khaled Khiari, disse ao órgão que qualquer solução para a crise exige condições que permitam que os birmaneses exerçam seus direitos de forma livre e pacífica.
Nesse sentido, ele aponta como um passo vital o fim da campanha militar de violência e repressão política.
O recente anúncio da aplicação da lei de recrutamento, pelo Conselho de Administração do Estado, piorou a agitação social contra os militares e a violência. Ele citou “relatos de ataques a administradores de aldeias, suicídios de jovens recrutados e um número crescente de movimentos através das fronteiras de Mianmar”.
Khiari apontou ainda que a falta de empregos para jovens contribui ainda mais para “as terríveis perspectivas socioeconômicas de Mianmar”, numa crise que se ecoa pelas zonas fronteiriças e afeta a segurança transnacional e o Estado de direito.
Garantias de segurança para trabalhadores humanitários
Já para a diretora da Divisão de Financiamento e Parcerias do Escritório da ONU de Assistência Humanitária, Ocha, alertou para a prioridade de se obter mais financiamento para a resposta.
Lisa Doughten pediu ainda que o acesso humanitário seja seguro, oportuno e desimpedido para alcançar aos necessitados e ainda que seja garantida a segurança dos trabalhadores do setor.
Este ano, a ONU recebeu apenas 4% dos US$ 994 milhões que precisa para os esforços de auxílio ao Mianmar. Em 2023, o financiamento solicitado foi satisfeito em 44%, deixando uma lacuna de fundos que levou a cortes no auxílio.
Crianças, minas terrestres e munições explosivas
O Fundo da ONU para a Infância, Unicef, relatou um “aumento alarmante de vítimas civis”, incluindo muitas crianças, após o uso de minas terrestres e outros engenhos explosivos por diferentes partes envolvidas no conflito em Mianmar.
Em 2023, pelo menos um quinto das 1.052 vítimas civis verificadas em incidentes com minas terrestres e munições explosivas eram menores. O total corresponde a quase o triplo dos 390 incidentes confirmados no ano anterior.
A reunião do Conselho de Segurança é a primeira com foco no Mianmar desde fevereiro de 2019.
No estado de Rakhine os combates se intensificaram em novembro de 2023 com o fim de um cessar-fogo informal de um ano acordado entre o Exército Arakan e as Forças Armadas de Mianmar, Matf, também conhecidas como Tatmadaw.
Fonte: ONU