Revista Tempo

OPINIÃO O rei e o candidato ao trono

frontpage image
[imgep]

Ganhando ou não as eleições de abril, André Villas-Boas já teve o condão de obrigar Pinto da Costa a sair da sua zona de conforto

Era uma vez um rei soberano, com um poder absoluto, respeitado e venerado como ninguém pelo seu povo.Durante mais de 40 anos ganhou as mais brilhantes batalhas dentro do seu país e teve o condão de elevar bem alto o nome do reino azul e branco além-fronteiras, vincando a força de um dragão que todos os seus fiéis seguidores exibiam de forma orgulhosa no brasão da bandeira desfraldada ao vento.

Certo dia, com o argumento de que o reino não estava a ser bem gerido, tanto por culpa do rei mas sobretudo por pessoas que o rodeavam, apareceu um cavaleiro destemido, que já tinha trabalhado para o monarca numas funções de alto relevo, mostrando serviço ao ser preponderante em algumas das batalhas travadas, encheu-se de peito e decidiu lutar pelo trono, procurando cativar os habitantes do reino com um discurso empreendedor, futurista e que causou grande impacto.

Percebendo que do outro lado estava um adversário de inegável qualidade e que poderia colocar em causa a sua soberania, o todo-poderoso resolveu sair da sua zona de conforto e fazer campanha — embora nos discursos não o assumisse — para tentar manter o seu cargo a todo o transe. Este, na prática, poderia ser o enredo de uma rábula ocorrida há mil anos, mas é o retrato fiel do que se passa atualmente no FC Porto, com Pinto da Costa, alicerçado no seu histórico de títulos, a procurar alcançar o 16.º mandato consecutivo à frente dos destinos do FC Porto.

André Villas-Boas pode até não conseguir os seus intentos, mas há um mérito que já ninguém lhe tira, o de obrigar Pinto da Costa a preocupar-se como um opositor que lhe aponta os erros de gestão, obrigando-o a esforçar-se na composição nova equipa, a necessitar mesmo da ajuda de empresas de comunicação para cativar um eleitorado dividido.

O epíteto de rei que granjeou ao logo de mais de quatro décadas será escrutinado nas eleições de abril e, para isso, o desfecho do clássico de hoje, no Estádio do Dragão, será também importante, pois uma derrota deixaria o FC Porto completamente afastado do título nacional. Dirão alguns que os resultados desportivos não terão peso na escolha dos eleitores, mas têm! E não é pouco! Os portistas gostam de ganhar nem que seja a feijões, faz parte do ADN do clube e um desaire com o rival da Luz seria mais um soco no estômago a todo o universo azul e branco. Quando Sérgio Conceição e também Pinto da Costa dizem que as contas se fazem em maio, neste caso fazem-se já hoje e também em abril. Pinto da Costa olha para a sua coroa com alguma apreensão e tenta que não oxide um pouco mais do que já está…

Fonte: A Bola

Exit mobile version