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Godzilla e Kong: O Novo Império – o que resta em um embate entre rugidos e rinhas de titãs

Fomos convidados pela Warner Bros. Pictures Brasil para assistir ao longa Godzilla e Kong: O Novo Império em IMAX. O filme é a sequência direta de Godzilla Vs Kong e faz parte do Monsterverse da Legendary Entertainment, que começou lá em 2017 com Kong: A Ilha da Caveira.Confere aí o que achamos do filme.

Godzilla e Kong: O Novo Império - o que resta em um embate entre rugidos e rinhas de titãs

Enredo e roteiro

A história começa algum tempo depois dos acontecimentos do filme anterior, com Kong tentando encontrar seu lugar e seu povo na Terra Oca. Enquanto isso, a humanidade está tentando se adaptar à presença do Godzilla eliminando outros titãs, enquanto ele mesmo destrói cidades inteiras por onde passa.

Em uma das primeiras batalhas desse filme (a primeira dentre muitas) Kong acaba abrindo uma ruptura para (pasmem) uma passagem subterrânea, pra baixo da Terra Oca, será que dá pra gente chamar de… Terra Oca Oca?

Essa ruptura, criou uma interferência radioativa/eletromagnética, que atraiu a atenção das equipes de pesquisa dos Monarcas, da Dra. Andrews e também do Godzilla. E é aí que a loucura começa. Jia, a criança da tribo Iwi, única sobrevivente da tribo protetora da Ilha da Caveira, começa a ter visões da Terra Oca e sente um chamado, fazendo com que Dra Andrews criasse uma equipe de exploração, que é digna de ser uma trupe tirada diretamente dos Guardiões da Galáxia, tendo literalmente um veterinário de titãs (sim, você leu certo), um podcaster, um soldado piloto, uma linguista antropológica e sua filha de uma tribo perdida com poderes ancestrais.

A história, apesar do título, se mantém dividida por mais da metade do filme. A divisão em 3 núcleos, intercala entre os humanos tentando entender as interferências da Terra Oca no mundo deles, o Godzilla em sua caçada na superfície e Kong em sua jornada na Terra Oca, nesse caminho o roteiro vai tentando de forma muito travada conectar esses três núcleos. O enredo é cheio de furos, com muitos acontecimentos convenientes e com uma quantia enorme de micro saltos de tempo pessimamente administrados pela edição. O roteiro corre, enquanto não sabe nem atrás de quê está correndo e preenche as lacunas entre seus rugidos e grunhidos, com algumas frases de efeito e piadinhas clichês.

Agradáveis surpresas

Nem só de trocação de socos entre gigantes, vive o espectador. Uma das boas surpresas desse filme é a atuação da atriz mirim Kaylee Hottle, que já estava presente em Godzilla x Kong. A atriz deficiente auditiva, que interpreta Jia, a filha adotiva da Dra. Andrews, entrega uma performance que chega a destoar um pouco do filme, com sua conversa por língua de sinais e uma atuação singela e expressiva, Kaylee entrega uma personagem carismática, que faz juz ao seu protagonismo dentro da história.

Outro ponto que precisa ser colocado em evidência, são as cenas de luta.Para os apreciadores de embates entre Kaijus, esse filme entrega uma dezena de lutas entre gigantes, recheadas de efeitos visuais e com embates cada vez mais exagerados.

Exagero em evidência

E por falar em exagero, era isso que você queria? Pois bem, esse filme entrega em níveis titânicos!

Que tal se você for assistir a um filme em que você vê um Kong de manopla, ao lado de um Godzilla tunado (que literalmente absorveu energia de outro titã e subiu de nível), lutando contra um rei macaco com um chicote de ossos e fragmento de Titã que controla um Kaiju que é basicamente um Godzilla criogênico? Pois bem… Esse é o filme.

A comédia em certos momentos é exagerada, trazendo aquele ar de galhofa no mais alto nível. Em uma determinada cena, o Caçador, interpretado por Dan Stevens desce de uma nave de carga, pendurado por cabos de aço, cantando teatralmente enquanto desce para arrancar um dente canino do Kong, na mais pura cópia barata do Senhor das Estrelas.

O nosso veredito

Para além das cenas de ação entre gigantes, nada resta. A verdade é que, como em mais de 60% do tempo, estamos presenciando algum tipo de combate entre gigantes, no final das contas o roteiro deixa de existir. As falas são substituídas por grunhidos, o plot é substituído por “qual vai ser o próximo monstro a aparecer, a empolgação dá lugar pra mesmice e os embates, que tendem cada vez mais a crescer e se intensificar, perdem sua força.

Por fim, falta fôlego para um roteiro que não para de correr, mostrando que quando tudo é muito cheio de ação, a ação em si, perde muito do seu impacto. Na tentativa de encaixar uma história em meio a uma imensidão de combates a própria história se enfraquece

O conceito central da conexão da tribo Iwi com os titãs é pouco aproveitado, deixando aquele gostinho de “bom potencial, mal aproveitado” no final. Um sub-roteiro que talvez em outro contexto, fosse bem mais aproveitado.

Fonte: Pippoca

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