Actualmente, os bancos centrais enfrentam muitos desafios à sua independência. Estão a aumentar os apelos à redução das taxas de juro, mesmo que prematura, e é provável que se intensifiquem com o voto de metade da população mundial este ano. Os riscos de interferência política na tomada de decisões dos bancos e nas nomeações de pessoal estão a aumentar. Os governos e os bancos centrais devem resistir a estas pressões. Esta a fundamentação essencial de um estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI), recentemente publicado, sobre a pertinência da independência dos bancos centrais num contexto de grandes desafios à estabilidade económica, que se vive nos últimos tempos.
De acordo com o FMI, pode-se melhor perceber porquê a independência dos bancos centrais é importante, a partir do que estes conseguiram fazer nos últimos anos.
“Os bancos centrais foram eficazes na condução da pandemia, desencadeando uma flexibilização monetária agressiva que ajudou a evitar um colapso financeiro mundial e a acelerar a recuperação”, diz o FMI.
“Quando a tónica passou a ser colocada no restabelecimento da estabilidade de preços, os bancos centrais reforçaram adequadamente a política monetária – embora em prazos diferentes. A sua resposta ajudou a manter as expectativas de inflação ancoradas na maioria dos países, mesmo quando os aumentos de preços atingiram máximos de várias décadas. Os mercados emergentes foram líderes no aperto precoce e vigoroso, reforçando a sua credibilidade”, acrescenta.
O estudo refere que estas acções dos bancos centrais fizeram baixar a inflação para níveis muito mais controláveis e reduziram os riscos de uma aterragem difícil. Embora a batalha ainda não tenha terminado, o seu sucesso até agora deveu-se em grande parte à independência e credibilidade que muitos bancos centrais construíram nas últimas
“O resultado final é claro: a independência dos bancos centrais é importante para a estabilidade dos preços – e a estabilidade dos preços é importante para um crescimento consistente a longo prazo. Frisa o FMI no estudo que estamos a citar.
Entretanto, alerta o FMI, para exercer um enorme poder em sociedades democráticas, a confiança é fundamental. Os bancos centrais têm de conquistar essa confiança todos os dias – através de uma governação forte, da transparência e da responsabilização, e cumprindo as suas responsabilidades fundamentais.
Para o FMI, uma governação forte ajuda a garantir que a política monetária é previsível e se baseia na consecução de objectivos de longo prazo, e não em ganhos políticos de curto prazo. Começa com um mandato legislativo claro que define a estabilidade de preços como o principal objectivo.
Fonte: O Económico