Em declaração a jornalistas nesta segunda-feira, o secretário-geral da ONU afirmou que apesar do início do Ramadã, o mês sagrado dos muçulmanos, “os assassinatos, bombardeios e o derramamento de sangue continuam em Gaza”.
António Guterres fez um forte apelo para que o espírito do Ramadã seja honrado “silenciando as armas e removendo todos os obstáculos para garantir a entrega de ajuda vital na velocidade e escala necessárias”.
“Círculo infernal”
No mesmo “espírito de compaixão do Ramadã”, ele apelou pela libertação imediata de todos os reféns.
O líder da ONU enfatizou que “os olhos do mundo e os olhos da história estão observando” e que é preciso agir para impedir mais mortes evitáveis. Segundo ele, a ameaça de ataque israelense à cidade de Rafah, no sul de Gaza, poderia mergulhar o povo palestino em um “círculo infernal ainda mais profundo”.
De acordo com Guterres, os apelos mais convincentes por um cessar-fogo vieram das famílias das vítimas desta guerra. Ele lembrou que tanto familiares de reféns israelenses como palestinos que perderam entes queridos nos bombardeios se pronunciaram na ONU, demonstrando uma “coragem notável e uma dor insondável”.
“Devemos ouvir e prestar atenção a essas vozes”, afirmou Guterres.
Cessar-fogo em Gaza e no Sudão
O chefe das Nações Unidas também renovou seu pedido pelo fim dos conflitos no Sudão durante o Ramadã. Ele ressaltou que os combates ali devem acabar “para o bem do povo sudanês que enfrenta fome, horrores e dificuldades incalculáveis”.
Nesta segunda-feira, a Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, lamentou que muitos em Gaza e em toda a região “assinalarão este mês enfrentando conflitos, deslocamentos e medo”.
O comissário-geral da Unrwa, Philippe Lazzarini, lembrou que o Ramadã é um momento de paz e caridade e pediu um cessar-fogo para que os que mais sofreram possam encontrar “descanso e paz de espírito”.
Missão da OMS apoia hospitais no norte de Gaza
Neste domingo, a Organização Mundial da Saúde, OMS, e parceiros completaram uma missão aos hospitais Al-Ahli Arab e Al-Sahaba, no norte de Gaza.
Ambas as unidades de saúde funcionam com capacidade limitada e carecem de alimentos, combustível, pessoal especializado, medicamentos anestésicos, antibióticos e dispositivos de fixação interna.
A OMS entregou itens ortopédicos e de trauma para 150 pacientes, além de 13 mil litros de combustível para o hospital Al-Ahil Arab, e 12 mil para o Al-Sahaba.
A agência defendeu acesso sustentado e seguro às instalações de saúde, para que seja possível fornecer regularmente cuidados médicos urgentes e vitais.
Fonte: ONU