Revista Tempo

Mundo atinge 1 bilhão de obesos, com maior impacto em ilhas do pacífico

A obesidade mundial quase triplicou desde 1975

Um novo estudo publicado na revista científica Lancet concluiu que os países insulares do Pacífico representam nove entre 10 dos principais países do mundo com a maior prevalência de obesidade entre mulheres e homens com 20 anos ou mais.

Analisando dados de 2022, o levantamento descobriu que mais de 1 bilhão de pessoas no mundo vivem agora com obesidade. Neste 4 de março, Dia Mundial da Obesidade, a Organização Mundial da Saúde, OMS, pede ações unificadas e multisetoriais para lidar com a crise. 

Sistemas alimentares falhos

A agência contribuiu na coleta e análise de dados que informaram o relatório publicado na Lancet. A nível global, a obesidade entre adultos mais que duplicou desde 1990 e quadruplicou entre crianças e adolescentes de cinco a 19 anos de idade. Os dados mostram também que 43% dos adultos tinham excesso de peso em 2022.

Naquele mesmo ano, o excesso de peso afetou cerca de 37 milhões de crianças com menos de 5 anos em todo o mundo, e mais de 390 milhões de jovens com idades entre os 5 e os 19 anos. Dentre estas, 160 milhões viviam com obesidade e 75% delas estão em países de baixo e médio rendimento.

Para a OMS, isso reflete um sistema alimentar que não consegue fornecer dietas nutritivas às crianças e sistemas de saúde que não abordam a obesidade antes de os indivíduos apresentarem co-morbilidades.

O consumo regular de junk food pode ser viciante para as crianças
Unicef/Zhanara Karimova
O consumo regular de junk food pode ser viciante para as crianças

Efeitos nocivos da obesidade

No Pacífico, o excesso de peso, a obesidade e as doenças não transmissíveis relacionadas com a alimentação aumentaram progressivamente em todas as faixas etárias nas últimas décadas e tornaram-se uma das principais causas de morte precoce e de incapacidade. 

Estar com sobrepeso ou conviver com a obesidade aumenta o risco de desenvolver doenças não transmissíveis, como diabetes, hipertensão e doenças cardíacas. Isto não só ameaça vidas e afeta a qualidade de vida, como também constitui um obstáculo aos objetivos econômicos e de desenvolvimento, ao reduzir o número de anos em que as pessoas podem desempenhar um papel ativo na força de trabalho.

Segundo a OMS, os líderes da área de saúde no Pacífico estão cientes da crescente epidemia de obesidade. No entanto, embora tenham sido feitos esforços, os progressos não foram suficientemente rápidos. Parte do desafio é que muitos dos fatores que contribuem para o aumento das taxas de obesidade estão fora do controle daqueles que trabalham no setor da saúde.

Oferta de alimentos saudáveis prejudicada por alterações climáticas

O representante da OMS no Pacífico Sul, Mark Jacobs, destacou que “as causas da obesidade são complexas” e que “em muitas partes do Pacífico, os alimentos não saudáveis ​​são baratos, convenientes e fortemente promovidos através da publicidade”. 

Os alimentos saudáveis, por outro lado, podem ser cada vez mais difíceis de obter e mais caros face às secas, inundações e subida dos mares causadas pelas alterações climáticas. 

De acordo com o especialista, “o que comemos, quanto comemos e se somos fisicamente ativos também se resumem a coisas como a cultura que nos rodeia e se existe um lugar seguro e confortável para praticar exercício.”

Resposta envolvendo vários ministérios

Na 15ª Reunião dos Ministros da Saúde do Pacífico, organizada em Tonga, em setembro passado, os ministros da saúde da região comprometeram-se com uma série de oito ações para abordar os fatores da obesidade, particularmente em crianças e jovens. 

Em particular, sublinharam a necessidade de envolver outros ministérios governamentais, especialmente os ministérios do ambiente, comércio, finanças, alfândegas, agricultura, pescas e desenvolvimento social. 

Também se comprometeram a capacitar redes e organizações que já trabalham a nível comunitário, tais como organizações da sociedade civil, grupos de jovens, escolas, líderes tradicionais, governos locais e organizações religiosas.

Fonte: ONU

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