Revista Tempo

Combates em Gaza deixam dois hospitais sitiados

Um menino de 3 anos se recupera depois de ter a perna amputada após um ataque direto com mísseis contra sua casa na cidade de Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza

Os informes sobre combates intensos em Gaza na manhã desta terça-feira incluem relatos de ataques a hospitais na cidade de Khan Younis, no sul.

Segundo profissionais da ONU, pacientes e outras pessoas que procuravam tratamento “não tinham como entrar e sair” desses locais.

Nível de violência impede cuidados de saúde

Falando a jornalistas em Genebra, porta-voz da Organização Mundial da Saúde, OMS, confirmou que o Hospital Al-Khair é “um dos dois hospitais que estão sendo invadidos”.

Christian Lindmeier afirmou ainda que o Hospital Nasser está “agora basicamente sitiado e não há como entrar e sair”. 

O representante da OMS acrescentou que apenas 14 instalações de saúde ainda funcionam em Gaza, sete no norte e sete no sul, onde as necessidades de saúde são enormes.

Na noite de segunda-feira, o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, lamentou relatos de “combates contínuos” perto de hospitais em Khan Younis, onde a violência impediu que “pessoas recentemente feridas fossem alcançadas e recebessem cuidados”. 

De acordo com Lindmeier, a situação é “absolutamente inaceitável e não é aquela pela qual qualquer unidade de saúde em qualquer parte do mundo deveria passar”.

Uma padaria em Gaza reabre após um encerramento de 50 dias, com o apoio do Programa Mundial de Alimentos
PMA
Uma padaria em Gaza reabre após um encerramento de 50 dias, com o apoio do Programa Mundial de Alimentos

Desespero em busca de comida

Sublinhando a terrível situação humanitária na área, o porta-voz da OMS descreveu o quão desesperadas e famintas as pessoas estão em Gaza. 

Ele mencionou que um dos comboios transportava principalmente combustível para hospitais, mas as pessoas o seguravam enquanto ele tentava avançar “porque estavam desesperadas em busca de comida.”

O Programa Mundial de Alimentos, PMA, alertou que mais de meio milhão de pessoas em Gaza continuam enfrentando “níveis catastróficos de insegurança alimentar”.

O risco de fome aumenta a cada dia, à medida que o conflito continua a limitar a prestação de assistência alimentar, disse a porta-voz do PMA para o Oriente Médio e Norte de África.

Abeer Etefa afirmou que esta “é a maior concentração de pessoas em condições similares à fome em qualquer lugar do mundo”. Ela alertou que a rapidez com que se chegou até este ponto é “extremamente preocupante”.

A porta-voz do PMA também observou que as crianças que foram evacuadas para tratamento no lado egípcio da fronteira pareciam desnutridas, abaixo do peso e “extremamente magras”.

UNRWA
A diretora de Comunicações da Unrwa, Juliette Touma, em visita ao campo de Deir Al-Balah, no sul de Gaza, em janeiro de 2024

O cerco é o “assassino silencioso”

Após retornar da sua segunda visita a Gaza desde que a guerra começou, a diretora de Comunicações da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiado Palestinos, Unrwa, concedeu uma entrevista para a ONU News na segunda-feira.

Segundo Juliette Touma, a população de Rafah, no sul, quadruplicou desde o início da guerra, pois as pessoas continuaram fugindo, à procura de abrigo naquela parte de Gaza, na esperança de encontrarem segurança e proteção.

Ela relatou que “a cidade está coberta por essas pequenas estruturas que as pessoas que fugiram para a região montaram. Elas são muito básicas, apenas alguns postes de madeira cobertos com plástico. Isso é tudo que as pessoas podem encontrar, e estes se tornaram o lar de muitas pessoas”.

A representante da Unrwa reforçou o apelo por um cessar-fogo humanitário “para trazer trégua e calma não só às pessoas em Gaza, mas às pessoas em toda a região”.

De acordo com ela “o cerco é o assassino silencioso das pessoas em Gaza, pois é provável que as pessoas morram em consequência da fome, de doenças ou da falta de cuidados médicos e de saúde”.

Fonte: ONU

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