O cabeça-de-lista da Renamo em Quelimane, Manuel de Araújo, voltou a pronunciar-se sobre os resultados das eleições autárquicas, anunciados pela Comissão Distrital de Eleições, que dão vantagem à Frelimo. De Araújo começou por criticar a comunidade internacional, que, no seu entender, está impávida e serena face aos assuntos ligados ao processo eleitoral autárquico do passado dia 11 de Outubro.
“Foi a força das armas que obrigou a Frelimo a ceder e aceitar a democracia. Mas, agora que eles têm o dinheiro que vem do gás, pensam que já não precisam da comunidade internacional, por isso abusam. E como sabem que a comunidade internacional está à procura do nosso gás, eles fazem chantagem. Esta semana, a primeira ministra da Itália esteve aqui, em Maputo, numa visita de um dia à procura do nosso gás. É por isso que a comunidade internacional não abre a boca, fecha os olhos às atrocidades da Frelimo, porque vendem o nosso gás, oferecem o nosso gás ao desbarato e em troca vendem a nossa dignidade e os nossos direitos. É preciso denunciar estes factos, vamos trabalhar em vários parlamentos, para que os deputados destes parlamentos levantem perguntas aos seus governos, questionem a política de cooperação e monitorem a situação dos direitos humanos e da democracia em Moçambique”, disse Manuel de Araujo.
De Araújo critica duramente os comentadores televisivos, que, na sua opinião, falam em cadeia nacional sem propriedade da realidade de Quelimane. “Eu vi uns sabichões na Stv dizendo que o Araújo não devia meter a comunidade internacional. São aquelas pessoas que eu chamo de ‘saber tudo, de comentadores de sala com ar-condicionado’, convido a eles para virem a Quelimane para sentirem o cheiro e a força do povo aqui. Se não tiverem dinheiro, nós compramos o bilhete para eles virem aqui. Porque é que não vieram como comentadores se queriam comentar como Quelimane, venham para cá para falarem com propriedade sabendo o que está a acontecer lá”, disse Manuel de Araújo, acrescentando que “quando nos batiam, eles estavam aqui? Quando nos arrancavam as urnas, as actas, eles estavam aqui?”, questionou De Araújo, apelando para que os comentadores reflictam e falem com aqueles que sentem na pele o sofrimento de caminhar debaixo de sol intenso pelas ruas de Quelimane para defender a democracia.
O cabeça-de-lista de Quelimane diz que reconhece a liberdade de imprensa, de opinião, de manifestação e demais liberdades, chama atenção para a haver responsabilidade, empatia com o sofrimento do povo.
De Araújo diz que a marcha não vai parar até que seja reposta aquilo que chama de ‘verdade material’. Esta segunda-feira, a marcha foi feita com todos os participantes trajados de branco. De acordo com o cabeça-de-lista, a indumentária tinha em vista mandar uma mensagem para o mundo de que os munícipes de Quelimane não são pela violência mas sim pela paz. “Estamos de branco para avisar a Polícia da República de Moçambique, a unidade de intervenção rápida, o governo da Frelimo, diplomatas e a comunidade internacional de que nós somos democratas que amamos a paz e defesa dos direitos humanos. Contem connosco como parceiros da paz até ao dia em que nós baterem, aí eu não me responsabilizo”.
Manuel de Araújo diz que, depois de aberta a frente diplomática, onde os contactos telefónicos estão a ser feitos com todos os embaixadores acreditados em Moçambique, a partir de quinta-feira, vai abrir a terceira fase e explica-se: “A terceira fase vai ser de encontro pessoal com os embaixadores em Maputo. Quando terminarmos o trabalho diplomático em Maputo, na próxima semana, vamos escalar outro nível, queremos levar este assunto para Bruxelas, a sede da União Europeia, para que os europeus que são eles que financiam a Frelimo saibam o que é que eles fazem aqui. Vamos escalar outras capitais europeias com este assunto”.
Na mesma ocasião, o delegado político distrital da Renamo, Latifo Xarifo, apresentou a planilha dos resultados eleitorais de 11 de Outubro, fixada pela Comissão Distrital de Eleições de Quelimane. No documento, Xarifo explicou que o seu partido constatou falhas da comissão no processo de cálculos dos números afixados.
“Estamos a perceber, através deste documento, que os mais velhos não sabem fazer contas, porque, quando somamos na fila da Frelimo, o somatório total dá 30 mil votos a favor daquele partido e não 38 como está aqui. Aumentaram aqui oito mil votos a mais e não sabemos onde trouxeram.”
Fonte:O País