Revista Tempo

Comercialização de feijão-bóer: Sete províncias do país com metas ameaçadas

A PREVISTA queda do preço do feijão-bóer, influenciada pela decisão das autoridades indianas de suspender a importação deste produto, terá impacto negativo nas projecções de negócio dos produtores das sete províncias do centro e norte do país, que habitualmente colocam o seu produto neste mercado asiático.

A decisão de suspender a importação de feijão-bóer moçambicano foi anunciada há dias pelas autoridades indianas e produz efeitos desde a última sexta-feira. Aliás, a decisão foi publicitada na edição do último sábado do jornal “Gazete of India”, publicado em Nova Deli.

A mudança de procedimentos para a importação de leguminosas, em particular do feijão-bóer em grão ou processado, e a necessidade de atribuir quotas para os países produtores, são as alegações apresentadas pelo governo indiano como fundamento para a suspensão das compras. 

As empresas envolvidas na comercialização do feijão-bóer nas províncias de Nampula, Cabo Delgado, Niassa, Zambézia, Sofala, Manica e Tete foram colhidas de surpresa pela medida, porquanto o processo de compra da leguminosa estava a ganhar um ritmo acelerado para garantir o cumprimento da meta de 200 mil toneladas.

O governo indiano rubricou, em Agosto do ano passado, um memorando para importar 375 mil toneladas de leguminosas até 2019, sendo 100 mil resultantes da safra 2016/17 em curso, quantidade que seria incrementada para 125 mil na campanha seguinte e subir para 150 mil toneladas na safra agrícola 2018/19.

Shrikanth Naik, gerente da ETG, uma firma de capitais estrangeiros com duas fábricas de processamento de feijão-bóer localizadas nas cidades da Beira e Nacala, cuja implantação absorveu cerca de 13 milhões de dólares americanos, lamentou a decisão do governo indiano, acrescentando que vai precipitar a interrupção do processo de comercialização da leguminosa junto do produtor.

“Não vamos arriscar porque ainda temos quantidades consideráveis de feijão-bóer em armazém, que foi comercializado da campanha anterior junto ao produtor nas províncias de Nampula, Cabo Delgado, Niassa, Manica, Sofala e Tete. A eventual mudança de decisão por parte da Índia, que é comprador de cerca de 95 por cento da nossa mercadoria, será determinante para o nosso posicionamento no mercado”, referiu Naik.

Neste momento, o feijão-bóer é comercializado ao preço médio de 15 meticais o quilograma, valor que pode cair se a falta de mercado prevalecesse por um tempo relativamente prolongado, facto que vai prejudicar os produtores que na safra anterior venderam aquela leguminosa ao custo de 50 meticais.  

No entanto, o director provincial da Indústria e Comércio de Nampula, Norberto João, alegou que os novos procedimentos de importação de feijão-bóer por parte da Índia não abrangem os países que rubricaram acordos com o governo de Nova Deli.

“O Ministério da Indústria e Comércio está em contacto com as autoridades governamentais indianas para busca de esclarecimentos sobre o assunto, e o conselheiro económico na Embaixada de Moçambique na Índia garantiu que esclarecimentos sobre a decisão de novos procedimentos baseados em quotas serão tornados públicos para dissipar possíveis dúvidas e interpretações por parte dos intervenientes no processo de comercialização”, disse Norberto João.

Fonte:http://www.jornalnoticias.co.mz/index.php/economia/70446-comercializacao-de-feijao-boer-sete-provincias-do-pais-com-metas-ameacadas.html

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