Revista Tempo

“Pensar diferente não pode ser motivo de guerra”

presidente pediu moçambicanos para serem moderados nas suas intervenções em torno do diálogo político

O Presidente da República, Filipe Nyusi, apelou ontem a todos os moçambicanos a não se emocionarem com os ganhos conseguidos até agora no processo de pacificação efectiva do país e pediu o envolvimento directo de todos os moçambicanos, particularmente a população de Vunduzi, na construção de uma nação democrática. Para o Chefe de Estado, pensar diferente não pode ser motivo de guerra. Filipe Nyusi lançou este apelo durante um comício popular por si orientado na região de Santungira, onde esteve no último domingo e manteve um encontro, na busca da paz, com o líder da Renamo, depois das mensagens da população local terem convergido em torno da paz, com algumas a apelarem ao chefe de estado a dar passos mais largos rumo à paz e “levar consigo para Maputo o presidente da Renamo”. “Quero pedir-vos simplesmente para não nos emocionarmos. O que temos que fazer é construir uma paz genuinamente moçambicana e devem ser vocês, população de Vunduzi, a construir esta paz, principalmente aqui em Vunduzi onde as hostilidades se fizeram sentir com grande intensidade. Estão aqui entre nós alguns que lutaram entre si. Mas aqui estamos bem. É sinal de que já começaram a construir uma paz efectiva. Vamos continuar assim. Temos que nos tolerar. Se alguém pensa de forma diferente de mim, não pode ser motivo para o agredir. Não precisam de estranhar alguém porque vive em Santungira e quando está a passar na vila ser motivo de zombaria. Nada disso, todos somos moçambicanos e temos que nos respeitar uns aos outros”, exortou. Presidente da República disse que o mais importante neste momento é os moçambicanos unirem-se na produção agrícola e apelou à população de Gorongosa a ser pioneira neste aspecto. “Agora que temos energia aqui em Vunduzi, quando alguém vem à sua barraca comprar uma cerveja gelada, por exemplo, não vi os comerciantes a perguntar se o cliente é guerrilheiro da Renamo, membro da Frelimo ou do governo. Portanto, eu vivi aqui há dias um ambiente de paz. O alegado ambiente hostil que se vive aqui em Santungira está na mente de algumas pessoas”. O presidente pediu ainda aos moçambicanos para serem moderados nas suas intervenções em torno do diálogo político. “Quem faz guerra não é o presidente. Temos que evitar atiçar a guerra. Estou a dialogar com o presidente da Renamo para ver se acabamos com este mau ambiente político em que vivemos. Façam a vossa parte. Vamos deixar de confusão e trabalhar, produzir mais alimentos e viver em paz. Tudo se resolve falando. Temos países vizinhos que discutem muito, mas não guerreiam”. Foi num ambiente de festa que a inauguração ocorreu, com centenas de pessoas a cantar e dançar para celebrar o feito. Em contacto com a população de Vunduzi, no comício popular, Nyusi afirmou que a instalação de energia em Vunduzi foi motivada pela paz e desenvolvimento local. “O que nós queremos pedir à população é que ajudem a conservar as infra-estruturas eléctricas. Não as vandalizem nem permitam que isso aconteça. Uma das formas de vivermos em paz é termos energia fiável. Vamos continuar a trabalhar no sentido de as regiões localizadas ao longo da linha serem ligadas à rede de energia, nomeadamente os povoados de Mucodza, Tarazonda e Nhamadjiua”. Os residentes de Vunduzi, particularmente de Santungira, estão eufóricos com a instalação da corrente eléctrica da rede nacional naquele ponto do país, facto que, para eles, já está a impulsionar o desenvolvimento local. Com a electrificação de Vunduzi, sobe para trinta o número de postos administrativos ligados à Rede Eléctrica Nacional da EDM, em Sofala. Agora, falta ligar apenas oito postos administrativos. Ainda em Vunduzi, o chefe de estado visitou uma feira agrícola, onde encorajou os agricultores a produzir cada vez mais, com vista a garantirem a segurança alimentar. Neste primeiro dia de visita à província de Sofala, Nyusi orientou uma sessão do governo provincial alargada aos administradores distritais. Hoje, o chefe de Estado visita o distrito de Muanza e o posto administrativo de Muxúnguè, em Chibabava. A visita terminara amanhã, no distrito do Búzi.

Fonte: O Pais -Politica

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