Revista Tempo

Educação financeira principal desafio para intervenientes no sistema de seguros

Falta de conhecimento e educação sobre seguros é uma das causas do baixo número de usuários dos serviços no país

No país, menos de 10 por cento da população adulta tem seguros, percentagem vista pelo Instituto de Supervisão de Seguros de Moçambique (ISSM) como baixo. O desconhecimento sobre a importância do seguro por parte da população é considerada uma das principais causas para este cenário. Dos 14 por cento da população adulta que conhece a importância do seguro, 30.8 por cento está nas zonas urbanas e 6.1 por cento nas zonas rurais. O engenheiro João Jangaia, da Associação Moçambicana de Seguradoras, durante a sua apresentação no workshop sobre a inclusão de micro-seguros no país, organizado pelo ISSM, revela que a falta de conhecimento e de educação da população sobre seguros é uma das causas crucias para o baixo número de usuários dos serviços.  “Os potências usuários dos serviços de seguro, mas particularmente do micro-seguro, não têm conhecimento e educação sobre os seguros. As barreiras culturais do ponto de vista do carácter psicológico e cultural. Existe a crença que os serviços de seguro são complicados”, explicou o engenheiro. Aliado ao desconhecimento sobre o sistema financeiro, os clientes desconhecem as suas necessidades e as seguradoras promovem estudos de mercado para conhecer as necessidades da classe média e alta. No aspecto operacional, os desafios enumerados por Jangaia são os seguintes: manter a operação a baixo custo, assegurar que ao prover serviços para a população de baixa renda a empresa continue a manter a rentabilidade e qualificar a mão-de-obra das seguradoras. Na vertente regulatória, João Jangaia considera que apesar de existir uma legislação sobre o segmento e de esta ser clara quanto a quem pode ou não operar e como o pode fazer, é necessário ir mais longe. “Permitir a contratação através de canais remotos, ou seja, por telefone, call center, a contratação online com utilização de agentes e confirmação digital, permitir a utilização de cartões pré-pagos de seguros. E deve permitir-se mais ramos de seguros neste segmento, sem estarem ligado a empréstimos de microfinanças, e o seguro de danos, crucial para os micro empreendimentos, para os mercados informais”, enumerou. O engenheiro deixou ainda ficar na sua apresentação que as seguradoras devem ter uma visão futurista, atraindo a população de baixa renda para as suas firmes. “Os consumidores de baixa renda, são hoje considerados como um enorme mercado, quer para uma visão imediata, quer para uma visão de futuro. Estes consumidores irão melhorar o seu nível de vida e tornar-se-ão consumidores de produtos de seguros mais dispendiosos. A diversificação da carteira é útil para melhorar o perfil de risco e gerir o fluxo de caixa”. A inclusão dos consumidores de baixa renda faz parte da Estratégia Nacional de Inclusão Financeira aprovada em Março de 2016. A estratégia pretende aumentar o acesso da população aos produtos financeiros, de 12.7%, em 2012, para 70% da população adulta até 2022. Gerados mais de 10 mil milhões de meticais em 2016 “Em 1991, operava no mercado moçambicano uma única seguradora sem a intervenção de mediadores de seguros, portanto não tínhamos nenhum intermediário. Hoje, o nosso mercado conta com 19 seguradoras, das quais quatro do ramo vida, 11 do ramo não vida, quatro mistas, uma micro-seguradora e 78 corretores de seguro. A micro-seguradora foi licenciada em 2014. No ano passado, a firma foi responsável por uma produção de 16.2 milhões de meticais. Das 19 seguradoras existentes no país, quatro estão autorizadas a actuar neste seguimento de mercado. Os operadores do seguro directo foram responsáveis, em 2016, por uma produção global de dez mil quinhentos e dezasseis milhões de meticais, o que corresponde a um crescimento de cerca de 13.6 por cento  em relação ao ano de 2015. Estes números correspondem a uma taxa de penetração de 1.54 por cento do BIP”, disse Otília Santos, Presidente do Concelho de Administração do ISSM.

Fonte: O Pais -Economia

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