Revista Tempo

As peripécias do percurso do “líder da luta armada” partilhadas por companheiros de guerrilha

Companheiros de Filipe Samuel Magaia falam dos momentos vividos durante a luta armada

Manhã de sábado, do palanque montado no campo do Cape-Cape, no histórico bairro do Chamanculo, cidade de Maputo, os veteranos da luta armada de libertação nacional acompanhavam a homenagem ao pensador da estratégia militar para vencer o sistema de opressão colonial português. Como previa o programa da cerimónia, alguns companheiros de guerrilha de Filipe Samuel Magaia foram chamadas para partilhar os principais momentos que viveram com o herói nacional. “A nossa aventura de luta era entendida como impossível”, assim começou a sua intervenção o veterano da luta de libertação nacional e um dos homens que presenciaram todos os momentos dos 55 anos da Frelimo, incluindo os 10 congressos. Feliciano Gundana classificou Magaia como companheiro em muitos momentos de sucesso, assim como nos “episódios amargos” durante a luta. Gundana conviveu com Magaia desde a década de 60, nos seus tempos de juventude, na cidade da Beira, e nos Caminhos de ferro de Moçambique, onde foram colegas. Insurgidos contra a opressão colonial e desrespeito pelos direitos mais básicos dos moçambicanos, tais como educação, saúde e transporte, no dia 22 de Fevereiro de 1962, os dois deixaram o país rumo a Dar-es-saalam, na vizinha Tanzânia, para montar a estratégia de luta contra o regime colonial. A estratégia foi viajar de comboio, passando pela então Rodésia do Sul, hoje Zimbabwe. Durante o percurso, ficaram hospedados clandestinamente numa casa, em Dondo, mas o atraso da locomotiva e as perseguições da PIDE complicaram o percurso. “Eu e Magaia entrámos no comboio e nos escondemos na casa de banho, enquanto os nossos companheiros de Dondo davam guarita para distrair possíveis utentes e, de lá, só saímos quando o comboio partiu”. Igualmente veterano da luta de libertação nacional, o homem do primeiro tiro, Alberto Chipande, também lutou ao lado de Filipe Samuel Magaia. Chipande não esquece o inconformismo que caracterizava o herói nacional, assim como não lhe saem da mente as memórias do período da sua morte. Filipe Samuel Magaia, conta Chipande, saíra de Tanzânia para Moçambique (província do Niassa), para uma missão de avaliação do trabalho das frentes provinciais, quando, no regresso, três tiros lhe tiraram a vida. “Foi lá em Niassa, nessa visita de trabalho, com o objectivo de viver a experiência do interior, que ele caiu”, partilhou Chipande, para a seguir acrescentar: “Nós outros fomos chamados para poder assumir a direcção do Estado-maior”.  Os veteranos da luta defendem que o legado de Filipe Samuel Magaia deve ser fonte de inspiração e orgulho para os moçambicanos. 

Fonte: O Pais -Politica

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