Mesmo com riscos elevados: Moçambique regista passos firmes na restauração da estabilidade macroeconómica

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Foto de Fim de SemanaO País continua a registar passos firmes para ultrapassar um conjunto de desafios no sentido de restaurar a estabilidade macroeconómica, mas o progresso continua lento e os riscos permanecem elevados, referiu o economista chefe do Standard Bank, Fáusio Mussá, no decurso do Economic Briefing, realizado, terça-feira, 4 de Julho, em Maputo, com o objectivo de apresentar as perspectivas económicas, para 2017 e ainda debater as diversas potencialidades de investimento no País.

Este cenário, conforme explicou, deve-se ao facto de grande parte das perspectivas de retoma da economia e dos pressupostos de sustentabilidade estar focada nos projectos do LNG-Gás Natural Liquefeito, o que acarreta riscos em caso de atrasos adicionais no arranque desses megaprojectos e poderá comprometer a sustentabilidade da retoma da economia.

“A nossa análise indica que o País continua a dar passos firmes para a recuperação da economia. Mas a manutenção da estabilidade macroeconómica requer uma aceleração das reformas estruturais, nomeadamente no sistema judicial, negócios, sector bancário e financeiro, fiscal e nas empresas públicas”, referiu Fáusio Mussá, sustentando que “notámos que o PIB está a crescer, no entanto este crescimento ainda não está necessariamente a traduzir uma ampla retoma da actividade. Em parte reflecte um melhor desempenho no sector primário onde a agricultura beneficia de uma melhoria nas condições climatéricas e do ambiente de estabilidade criado pela trégua em vigor desde finais de 2016.”

De acordo com o economista, reflecte, também, “o crescimento do sector exportador, particularmente o mineiro, incluindo algumas empresas que tem conseguido manter um nível considerável de negócios, investindo capitais próprios, uma vez que a política monetária mantém-se restritiva o que implica taxas de juro para o crédito à economia em torno dos 30 por cento”.

“Com uma apreciação acumulada do Metical de 15,1 por cento, nos primeiros seis meses de 2017, perspectiva-se alguma estabilidade do câmbio do Metical face ao Dólar no segundo semestre em torno dos actuais níveis de 60,5 Meticais por Dólar, o que representa uma melhoria substancial em relação aos 71 dólar/metical do final de 2016. Embora haja ainda potencial para apreciação adicional do Metical, notamos que o Banco Central tem estado a intervir no mercado cambial para limitar os ganhos do Metical face ao Dólar e proteger as reservas internacionais, o que indica que podemos entrar num período de estabilidade relativa nos níveis actuais”, frisou.

Se a economia do País registar o nível do progresso que se espera para 2018, pode ser difícil para o Banco Central continuar a intervir no sentido de manter o Metical acima dos 60, em relação ao Dólar: “Podemos ter o Metical em torno dos 50 no final de 2018, o que sustenta a nossa convicção de que, no próximo ano, teremos a inflação a um dígito”, projectou o economista.

Na sua opinião, estes indicadores de conjuntura, seja a aceleração do crescimento do PIB, seja de perspectivas de redução da inflação ou de estabilidade da moeda, indicam que provavelmente o País já passou o pior desta crise mas os riscos permanecem elevados, sobretudo os relacionados com a fragilidade fiscal e das empresas públicas.

Para Chuma Nwokocha, administrador delegado do Standard Bank, instituição que promove o Economic Briefing há 12 anos, esta iniciativa visa promover o debate sobre a política macroeconómica do País e partilhar as suas perspectivas duma maneira transparente, aberta e independente. “Neste espaço, os investidores e gestores das empresas privadas e públicas, incluindo os reguladores, que tomam decisões com impacto na economia de Moçambique, podem reflectir em conjunto sobre as tendências da economia e perspectivar sobre o que pode ser feito para acelerar o crescimento”, disse o administrador delegado.

O Economic Briefing deste ano teve como tema “Moçambique – restaurando a estabilidade macroeconómica”, uma vez que o banco considera ser uma condição indispensável para o progresso do País. Para além do economista chefe do Standard Bank, a conferência económica teve como oradores Goolam Ballim, economista chefe do Grupo Standard Bank, Osório Lucas, director Executivo da MPDC-Companhia de Desenvolvimento do Porto de Maputo e Carolin Geginat, líder do programa do Banco Mundial para o crescimento com equidade, financiamento e instituições, que dissertaram, respectivamente, sobre as “Perspectivas da economia internacional”, o “Investimento em infra-estruturas” e “as perspectivas para o sector privado em Moçambique incluindo a necessidade de reformas estruturais na economia”.

@Verdade – Economia

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