O “Notícias” visitou Mwambalambate, em Tenga, distrito de Moamba, província de Maputo, e constatou que as 350 famílias que viviam, há muitos anos, junto às barreiras da Malanga, estão agora a lançar os alicerces de um bairro ordenado e infra-estruturado.
O bairro surgiu como resultado da transferência das famílias para dar lugar às obras de construção de acesso para a futura ponte Maputo-KaTembe.
Salomão Sitoe é um ancião que diz ter vivido 34 anos nas barreiras da Malanga, tendo saído para Mwambalambate faz um ano.
Já no novo bairro residencial, que nasceu junto a uma das encostas da povoação de Tenga, Sitoe disse que possui um talhão e que está em melhores condições.
De referir que as famílias abrangidas viviam na Malanga em condições degradantes, com infra-estruturas habitacionais que deixavam muito a desejar. “Eu vivia numa casa feita de madeira e zinco. Hoje vivo numa casa de alvenaria e com energia”, disse Sitoe.
Arlete Matingue, também moradora de Mwambalambate, contou ter vivido na Malanga desde 1992, antes de se mudar para Tenga.
“Na Malanga, não tínhamos terrenos parcelados. As casas estavam próximas umas das outras e, agora, cada qual tem o seu terreno. Hoje, as condições são melhores. Não há comparação possível com os espaços pequenos em que vivíamos”, indicou.
Mário Noa Mucuanga, antigo chefe do quarteirão 44 na Malanga que se localizava por detrás do Instituto dos Transportes e Comunicações, é actualmente o presidente da Comissão do Reassentamento.
Segundo este, as condições criadas no novo bairro são boas. “Na Malanga, vivíamos em cabanas. Cada pessoa tinha arranjado um espaço à sua maneira. Hoje, vivemos em melhores casas. Com três divisões. Uma sala, quarto e uma varanda”, enumerou.
O presidente do Conselho de Administração da Empresa de Desenvolvimento de Maputo-Sul, Silva Magaia, disse que as famílias transferidas da zona da Malanga receberam talhões com dimensões de 20/40 metros, além de um valor monetário correspondente ao tipo de casa que possuía.
Acrescentou que a compensação para as famílias foi baseada numa avaliação feita do anterior património para permitir que as pessoas transferidas pudessem construir uma habitação condigna.
Em Mwambalambate, parte das famílias ainda conserva os materiais que compunham a anterior habitação, enquanto procuram, aos poucos, reunir condições para erguer uma casa de alvenaria.
Ainda de acordo com o presidente da empresa Maputo-Sul, foi feito em Mwambalambate um investimento na infra-estruturação básica, como arruamentos, reposição de solos e compactação.
“Foi feita uma extensão de nove quilómetros de conduta de água, a partir do Sistema de Abastecimento de Pessene, além da colocação de torres altas que contêm quatro tanques de água. São depósitos de 10 mil litros cada. Também foi feita a ramificação da tubagem nas ruas. As famílias podem celebrar contratos com a unidade que está a gerir o pequeno sistema de abastecimento para passarem a ter o recurso nos quintais”, referiu Magaia.
Para as famílias que não têm possibilidades de celebrar o contrato de fornecimento domiciliário de água, foram instalados três fontanários a partir dos quais se pode obter água em “bidons” de 20 litros.
“A partir da Estação de Tenga, foi feita uma linha de abastecimento de energia eléctrica, instalados três postos de transformação, uma rede interna e iluminação pública. Acima de 100 famílias já fizeram ligações domiciliárias, enquanto as outras estão a criar condições para poderem beneficiar de energia”, destacou o entrevistado.
A Maputo-Sul acaba de realizar mais um investimento visando a melhoria das condições de habitabilidade dos reassentados, através da ampliação do Centro de Saúde de Tenga, bem como da construção de um posto policial.
Segundo Magaia, está previsto para este mês o início da construção de salas de aula com material convencional, no terreno onde se situa uma escola primária provisória que funciona em tendas. A escola está a cerca de um quilómetro do bairro onde foram reassentadas as famílias.
A escola primária provisória funciona como anexa de Tenga, que lecciona até o nível primário do segundo grau. Em Tenga, ainda não funciona um estabelecimento do nível secundário e pelo senso realizado junto das famílias transferidas, a maior parte das crianças frequentava o ensino primário.
De referir que o processo de reassentamento abrangeu 870 famílias que habitavam nas barreiras da Malanga. Os restantes grupos foram transferidos e fixados nas regiões de Mahubo, também na província de Maputo e no Distrito Municipal KaTembe.
Fonte:http://www.jornalnoticias.co.mz/index.php/sociedade/68918-mwambalambate-um-destino-para-relancar-a-vida.html