Retoma do Projecto de Gás Natural na Bacia do Rovuma pela TotalEnergies é certa, Garante Nyusi

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O Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, garantiu que a retoma do projecto de gás natural liquefeito (LNG) da TotalEnergies, localizado na Área 1 da Bacia do Rovuma, é uma certeza. Contudo, a empresa aguarda pelo desfecho do ciclo eleitoral no País antes de reiniciar as suas operações. O projecto, suspenso há quatro anos devido à insegurança provocada por ataques terroristas na península de Afungi, no distrito de Palma, norte de Cabo Delgado, foi o maior investimento privado em África, avaliado em cerca de 20 mil milhões de dólares.

Nyusi fez essas declarações durante uma conferência de imprensa realizada em Nova Iorque, onde esteve em visita de trabalho nos Estados Unidos, participando na Cimeira do Futuro e liderando um debate de alto nível sobre a iniciativa da floresta do Miombo. Ao comentar o projecto de gás natural da TotalEnergies, o Presidente da República reiterou que a empresa francesa continua comprometida com a iniciativa, embora não haja ainda uma data definitiva para o retorno das actividades.

A suspensão do projecto, oficialmente classificada como “força maior”, decorreu dos ataques terroristas que desestabilizaram o norte de Moçambique, especialmente em Cabo Delgado. Nos últimos meses, as Forças de Defesa e Segurança (FDS) moçambicanas, com o apoio das Missões Militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SAMIM) e da Formação Militar da União Europeia (EUTM), conseguiram restaurar a autoridade do Estado em todas as áreas que haviam sido dominadas pelos insurgentes.

Ainda assim, Nyusi destacou que a TotalEnergies, como qualquer outro investidor de grande porte, precisa de garantias claras de segurança e estabilidade antes de injetar capital em projetos dessa magnitude. “Ninguém mete dinheiro num terreno pantanoso, num momento de incertezas”, afirmou o Presidente, enfatizando que a empresa deve ter a certeza de que o seu investimento não correrá risco. Embora a redução significativa dos ataques terroristas seja um passo positivo, a multinacional francesa aguarda o resultado das eleições gerais em Moçambique, agendadas para outubro de 2024, para avançar com uma decisão final sobre a retomada das operações. Segundo Nyusi, o actual contexto eleitoral é um factor de cautela para a empresa, que prefere observar o desenrolar do processo político antes de tomar uma decisão concreta.

Além da TotalEnergies, o Presidente Nyusi também discutiu os avanços do projecto de gás natural da ExxonMobil, operadora de um consórcio na Área 4 da Bacia do Rovuma. O encontro com Walter Kansteiner, Vice-Presidente da ExxonMobil, trouxe à tona a expectativa de que o projecto técnico para a exploração de gás natural seja concluído no prazo de um ano. A ExxonMobil lidera a construção e operação das futuras instalações de LNG para o bloco de águas profundas da Área 4, um consórcio que inclui a italiana ENI e a CNPC, da China. Tal como o projecto da TotalEnergies, a iniciativa da ExxonMobil também foi afectada pela instabilidade em Cabo Delgado, resultando em vários adiamentos.

De acordo com o Chefe de Estado moçambicano, a ExxonMobil ainda considera 2026 como o ano para a decisão final de investimento no projecto de LNG da Área 4. Assim como no caso da TotalEnergies, o processo eleitoral tanto em Moçambique quanto nos Estados Unidos, país-sede da ExxonMobil, tem sido um factor de influência na tomada de decisões, devido às incertezas que normalmente acompanham períodos eleitorais.

A retoma dos projectos de LNG na Bacia do Rovuma é vista como crucial para o desenvolvimento económico de Moçambique. Com o potencial de transformar o País em um dos maiores exportadores de gás natural do mundo, esses projectos são pilares para a recuperação económica, especialmente em um momento em que Moçambique procura diversificar a sua economia e atrair mais investimentos estrangeiros. Nyusi assegurou que o Governo já criou as condições necessárias para o retorno da TotalEnergies e para garantir que o País continue a ser um destino atrativo para grandes investimentos no sector de hidrocarbonetos. “O projecto não está abandonado. A não retoma até aqui nada tem a ver com a falta de condições”, afirmou o Presidente, reforçando a confiança na estabilidade futura da região.

Com as eleições presidenciais e legislativas em Moçambique programadas para 9 de Outubro de 2024, a expectativa é que, após o período eleitoral, a TotalEnergies e a ExxonMobil avancem com as suas respectivas iniciativas de gás natural. Segundo Nyusi, as condições de segurança estão a melhorar, mas a cautela dos investidores é compreensível, dada a complexidade e os riscos envolvidos em projectos desta magnitude. No entanto, Nyusi manteve uma postura optimista sobre a retomada dos projectos, assegurando que o governo moçambicano continua empenhado em criar o ambiente necessário para garantir que os investimentos sigam em frente e tragam benefícios económicos duradouros para o país.

Moçambique espera que a conclusão bem-sucedida dos projectos de LNG na Bacia do Rovuma venha a catalisar o crescimento económico sustentável, gerar emprego, aumentar as receitas do Estado e promover o desenvolvimento das infra-estruturas na região norte, impulsionando o país para uma nova era de prosperidade.

Fonte: O Económico

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