Foi um pequeno passo do treinador do FC Porto e uma gigantesca asneira ibérica
Perderam todos. O que se passou no domingo em Espanha e foi tornado público nesta segunda-feira com o treinador do FC Porto, Sérgio Conceição, o filho Moisés, e o autarca de Cartaya foi condenável por qualquer ponto de vista que se veja.
Nem tudo foi como disse o alcaide espanhol, pelo que se percebe do vídeo que foi tornado público (está aí no topo da página); mas o comportamento do treinador do FC Porto, Sérgio Conceição, não foi nada correto.
Assim que deu o primeiro passo dentro do relvado na direção do árbitro, Sérgio errou. Errou porque ele serve de exemplo, ou devia servir. Em Cartaya, Conceição serviu de exemplo como adulto para os miúdos de 10 anos que ali estavam, serviu de exemplo para os outros espectadores que estavam também no estádio e serviu de exemplo como treinador profissional que é. Mas foi o exemplo errado.
Com aquele pequeno passo e um gesto que, mesmo ligeiro, não devia ter nem num jogo da equipa que treina, Sérgio Conceição legitimou que outros – espectadores, técnicos, dirigentes – façam o mesmo. Porque se o treinador do FC Porto faz, se um ex-internacional português faz, então porque não pode um indivíduo qualquer – pai, tio, primo, irmão de um miúdo – fazer?
Entrar em campo para abordar o árbitro, num jogo em que não é interveniente é e será sempre condenável e grave. Por um pai, um tio, um primo ou o irmão de alguém. Mas achamos o quê? Que os árbitros se importam mesmo com quem vence um jogo de escolinhas?
Foi um pequeno passo de Conceição e uma tremenda asneira, que acabou numa confusão ibérica e com um autarca cujas palavras também não coincidiram com os atos – o que eu vi foi o autarca a empurrar Moisés Conceição e não o contrário (o que se passou depois não sei, mas sei que o que vi no vídeo e o que vi não bate certo com o relato do edil).
Isso, porém, não deve retirar o peso daquele primeiro passo para dentro do relvado de Sérgio Conceição.
Depois, houve ainda uma normalização do comportamento. Sérgio, e o filho Moisés, não terão feito tudo aquilo que o alcaide de Cartaya os acusa, mas não vi, até agora, um reparo sobre a entrada no relvado e abordagem ao juiz do encontro e devia haver.
Pode parecer que estou a criticar em demasia um passo – ou três ou quatro, a questão aqui é entrar em campo e dirigir-se ao árbitro – mas faço-o com um objetivo claro: acabar com um problema gravíssimo que existe nas bancadas portuguesas, sobretudo em jogos de formação.
Ora pesquise aí no Google: pai agride árbitro.
Agora veja a quantidade de notícias que todos os anos surgem. Estamos a um pequeno passo da próxima. Perceberam onde quero chegar?
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Fonte: A Bola